Economia Titulo Flexibilização
Efeito Rio preocupa bares e restaurantes

Estabelecimentos reabrem segunda, mas temem aglomerações como as causadas pelos cariocas

Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
04/07/2020 | 00:06
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Claudinei Plaza/DGABC


Bares, lanchonetes e restaurantes retomam o atendimento ao público a partir de segunda-feira. Os locais já estão praticamente prontos para receber os clientes, mas não será como antes da pandemia, pois terão de respeitar série de exigências e cuidados em higiene, limpeza e distanciamento. Mas existe preocupação extra em evitar o cenário registrado em estabelecimentos do Rio de Janeiro, que reabriram na quinta-feira com aglomerações, pessoas sem máscara e desrespeito à distância mínima estabelecida.

De acordo com o Sehal (Sindicato das Empresas de Hospedagem e Alimentação do Grande ABC), dos cerca de 11 mil estabelecimentos do setor nas sete cidades, 70% devem reabrir na próxima semana.

Foram aproximadamente 100 dias com as portas fechadas, operando exclusivamente em sistemas de drive-thru e de retirada. Segundo o presidente licenciado do Sehal, Beto Moreira, a retomada precisa ser gradual e segura. Inicialmente, os locais devem funcionar com ocupação máxima de apenas 40% da capacidade.

“Conto com a sensibilidade do dono do bar, e se houver indícios de aglomeração fora ou dentro, deve restringir imediatamente o atendimento, para que não ocorram problemas como no Rio de Janeiro. Aquela situação foi um desrespeito ao restante da população que não estava ali e pode ser infectada por uma daquelas pessoas”, disse.

Vídeos e fotos de bares do Rio de Janeiro, de quinta-feira, tomaram as redes sociais por causa da aglomeração do lado de fora. O cenário é o mesmo de dias pré-pandemia. Segundo Moreira, esse tipo de situação é mais complexo, já que “é prática tomar todos os cuidados dentro do estabelecimento”, disse.

Proprietário do Villa Portugal Bar e Restaurante, na Avenida Portugal, em Santo André, Dario Bongiovanni Poltronieri afirmou que o período de fechamento foi de aprendizado, principalmente sobre o delivery. “Anteriormente, representava 5% do nosso faturamento”, disse ele, acrescentando que agora as entregas correspondem a 40% quando se compara com o período pré-pandemia. Ele, que está otimista e projeta operar no máximo da capacidade permitida, acredita que a situação do Rio não deve se repetir na região.

“Os locais vão começar a abrir no início da semana, por isso a tendência é que o público vá se diluindo aos poucos até o fim da semana”, avaliou o comerciante, que ontem já organizava as mesas com o distanciamento exigido.

Para o proprietário do bar Beco Torto, localizado na Vila Assunção, em Santo André, Caiuá Leão, ainda não era momento de reabrir os estabelecimentos. Ele fechou o bar durante todo o período de quarentena e pretende fazer a reabertura apenas sexta-feira.

“A partir do momento que temos autorização para funcionar, todas as nossas negociações com credores e imobiliárias serão suspensas. Então, nós não temos outra opção”, disse. “Entendo que muita gente não vê a hora de reabrir, cada um sabe onde aperta o calo. Mas, honestamente, ainda acho que não é hora de liberação, medidas mais severas têm que ser tomadas em prevenção ao vírus.” Entre as medidas já tomadas pelos estabelecimentos estão a aferição de temperatura na entrada e instalação de barreiras de acrílico e álcool em gel.

A tradicional Pizzaria Vero Verde, no bairro Jardim, reabre já a partir de segunda-feira. “Todos os clientes têm muita saudade e estão carentes de sair, e entendemos que estejam cautelosos. Esperamos uma frequência de um terço em relação ao período anterior. A situação do Rio me surpreendeu muito, mas acredito que são locais com apelos diferentes”, disse o proprietário Ernesto D’Andrea.

Outros setores têm aval, mas terão de esperar

Com mais um passo na retomada das atividades econômicas, o Grande ABC teve aval para a reabertura gradual de equipamentos culturais, como cinemas e teatros, além de academias. Com previsão para ocorrer no fim de julho, a medida está condicionada à manutenção da região na fase amarela do Plano São Paulo por 28 dias consecutivos, ou seja, ainda depende do controle da Covid-19. A pandemia trouxe mudanças drásticas a empresários destes setores.

Atualmente, são 8.312 profissionais da área de educação física nas sete cidades, sendo que 7.696 estão registrados como pessoas físicas e 616, como jurídicas, de acordo com dados do Cref-4/SP (Conselho Regional de Educação Física da 4ª Região).

Proprietário do Gatt One Centro de Treinamento, localizado na Vila Noêmia, em Mauá, Thiago Wagner Martins Menegatti afirmou que a notícia é animadora. “Desde o início da pandemia estávamos trabalhando on-line, mas muitos alunos têm a necessidade de ir para a academia porque não têm disciplina para fazer em casa”, comentou o empresário.

Menegatti já faz mudanças na academia para adaptar o espaço às exigências do decreto estadual, como demarcação de distância. “Agora, temos que reajustar os horários, levando em conta o limite de dez a 12 alunos por horário. Além disso, vamos adaptar os treinos para que eles consigam ser feitos com máscaras”, disse ele, que acredita no retorno de 70% dos clientes.

A Smartfit e a Bio Ritmo,que possuem 17 unidades no Grande ABC, não detalharam os prejuízos durante o fechamento na quarentena, mas destacaram que no período investiram no digital, A Smart Fit lançou o Treine em Casa, site com série variada de exercícios para serem realizados sob a orientação de professores especializados, por alunos e não alunos, gratuitamente.

Nas cidades onde foi liberada a reabertura das academias, Smart Fit e Bio Ritmo adotam medidas de segurança, como o agendamento de horário para garantir a limitação da quantidade de alunos e a utilização de apenas 50% de aparelhos, como esteiras e bicicletas, entre outras.

Segundo posicionamento divulgado pelo Cref-4, o momento é “de comemoração”, mas ainda há muito a fazer. “Queremos mais horas de abertura, para poder atender mais pessoas, respeitando o distanciamento e demais protocolos propostos pela norma do governo”, afirmou o presidente do Cref-4, Nelson Leme, na nota divulgada.

SETOR CULTURAL
Desde que medidas como a utilização de máscara pelos frequentadores e ocupação de 40% da capacidade sejam seguidas, equipamentos culturais também poderão reabrir. Na lista estão cinemas, teatros e bibliotecas.

A Oma Galeria de Arte, em São Bernardo, cancelou a programação até o fim do ano. “Vamos lançar edital para convidar artistas para fazer intervenções do lado de fora da galeria. Ou seja, na parte interna, que promovia certa aglomeração, vamos cancelar e promover ações do lado externo, justamente para oferecer maior segurança quanto a distanciamento”, afirmou o responsável pela galeria Thomaz Pacheco. 




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