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Para estimular inovação, região precisa se integrar

Especialistas dizem que Grande ABC pode impulsionar startups, mas setor público deve colaborar

Por Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
10/07/2019 | 07:15
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Pixabay


Para que o Grande ABC, conhecido como importante polo industrial, se desenvolva também como um ecossistema de inovação, é necessário haver uma maior integração entre as entidades e prefeituras da região. Além de incentivo por parte do setor público, especialistas ponderam que é fundamental ocorrer mudança na cultura das empresas para o desenvolvimento de startups nas sete cidades.

A análise faz parte da oitava carta de conjuntura do Conjuscs (Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura da Universidade Municipal de São Caetano).

De acordo com o presidente do Itescs (Instituto de Tecnologia de São Caetano), Luiz Schimitd, todos os agentes necessários para o desenvolvimento do ecossistema da inovação no Grande ABC – termo que descreve o sistema que liga e impulsiona mudanças inovadoras dentro de determinado território – já estão presentes.

“Minha avaliação é a de que todos esses agentes já estão aqui. Só que muitos deles estão fazendo as suas atividades separadamente. Temos universidades de qualidade muito alta, empreendedores com vontade de fazer, um transporte logístico que interliga fronteiras, troca de informação. A gente até tem agentes públicos interessados em fazer alguma coisa, mas cada um olha apenas ao seu município. O que, a meu ver, é um grande erro”, assinalou.

Para que a região se fortaleça como um polo de inovação, projetos como o do parque tecnológico devem sair do papel. “Com isso, a região daria um passo brutal”, ponderou Schimitd. Além disso, ele cita que a adaptação de legislações já existentes, como a Lei do Bem (que concede incentivos fiscais às empresas que investem em pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica), poderia atrair e propiciar que incentivos tivessem impactos nas sete cidades.

De acordo com ele, cada cidade tem uma característica específica, “que deve ser trocada em um ecossistema”. “Então, os agentes já estão aqui, já temos grupos de investimentos que estão focados aqui, temos coworkings, espaços cooperativos, fablabs (rede pública de laboratórios de criatividade, aprendizado e inovação), que são atividades necessárias para isso. O que falta é a coordenação de atividades”, destacou Schimitd.

“Hoje, o movimento das startups está muito forte, e não só aqui, mas em todo o Brasil e no mundo. O ecossistema do Grande ABC começou há pouco. Estamos ainda no início. O Itescs, as universidades e outras entidades estão fazendo com que o ecossistema cresça”, completou o vice-presidente do instituto, Thiago Matsumoto.


Pesquisa diz que 33% querem empreender

A nova BNCC (Base Nacional Comum Curricular), que permite com que o estudante escolha as disciplinas que melhor se adaptam à sua formação futura, é outro destaque da carta de conjuntura do Conjuscs. Com isso, surge a possibilidade de que o jovem tenha maior contato com o empreendedorismo desde cedo, já que esse desejo vem crescendo com o passar dos anos na população brasileira.

Pesquisa da GEM Brasil aponta que saltou de 18% para 33% o total de pessoas que planejam ter o próprio negócio entre 2017 e 2018. Percentual e crescimento são mais expressivos do que parcela que sonha em ter diploma de ensino superior, de 19% para 22%, ou fazer carreira em uma empresa, de 17% para 19%.

Segundo uma das autoras do texto, a especialista em marketing e recursos humanos pela Ucla (University of Califórnia Los Angeles) Fernanda Avanzi, com a possibilidade de o empreendedorismo ser trabalhado no ensino médio, o impacto será sentido nas relações de trabalho futuras. “Esperamos trazer a escola para uma realidade mais próxima, aproximá-la do futuro desse jovem, que muitas vezes não sabe o que fazer, mas ele vai ao menos entender como se encaixa melhor e como facilitar uma escolha profissional. Com tantas mudanças, hoje o empreendedorismo já passa a ser uma opção”, afirmou.

Conforme Fernanda, com a capacitação, o empreendedorismo deixa de ser o de necessidade e passa a ser uma opção de carreira. “Hoje é uma necessidade. Muitas pessoas começam um negócio porque estão desempregadas, mas a maior parte desses jovens quer ser empreendedora, o que está acima de fazer uma carreira em uma empresa inclusive”, exemplificou.

Ela completou que os mais jovens estarão preparados para o mercado de trabalho futuramente. “A partir do momento em que se tem um ensino médio que prepara melhor, esse jovem segue melhor embasado para fazer as escolhas do futuro.”
 




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