O prefeito de Sao Paulo, Celso Pitta, anunciou nesta quinta sua saída do PPB (Partido Progressista Brasileiro). Em nota divulgada à imprensa, Pitta critica veladamente a falta de apoio do partido e do ex-prefeito Paulo Maluf. Além de Maluf, deputados estaduais ligados ao ex-prefeito, entre eles Conte Lopes, já se manifestaram contra Pitta. O prefeito é suspeito de envolvimento no esquema de propina nas administraçoes regionais.  

Cerca de 30 vereadores da bancada governista (PPB, PTB, PMDB, PFL, PL, Prona e alguns sem partido) compareceram ao ato que formalizou a saída de Pitta do PPB. Em coletiva realizada no Palácio das Indústrias, sede do governo municipal, Pitta disse que já recebeu alguns convites para mas nao informou para qual partido irá. Nem deu prazo para a nova filiaçao. "Será no momento oportuno", afirmou. Alguns vereadores da bancada governista acreditam que ele deverá anunciar o partido ao qual pretende se filiar dentro de dois meses.  

Diante de rumores de que Pitta estaria em vias de se filiar ao PTB, a bancada federal do partido decidiu, há pouco, recomendar ao diretório em Sao Paulo que nao aceite esta filiaçao. Segundo a assessora de imprensa da liderança do PTB na Câmara, Karina Guimaraes, o PTB "quer livrar-se das máculas do próprio partido, e nao assumir as dos outros".  

Ao deixar o PPB, Pitta rompe politicamente com Maluf, seu padrinho político. A gota d'água para saída de Pitta foram as declaraçoes de Maluf, segundo as quais ele nao tem mais nada a ver com a atual administraçao e que na gestao do ex-secretário Alfredo Mário Savelli as multas aplicadas às empresas de coleta de lixo caíram de cerca de 200 ao ano para 6 ao ano entre 1996 e 1997.  "As declaraçoes de Maluf foram o finalmente de um processo que vinha se arrastando há algum tempo e teve, nas palavras do presidente nacional do partido, a colocaçao definitiva", afirmou Pitta.

Ele lembrou que sempre foi leal em relaçao à administraçao e à pessoa do ex-prefeito de Sao Paulo, mas que nao considerou um ato de "deslealdade" as declaraçoes de Maluf. "Nao digo que faltou lealdade, mas talvez houve uma certa ingratidao." 

Processos - O ex-administrador regional da Sé, Joao Bento dos Santos Filho, disse, em depoimento à polícia, que nao mandou retirar as barracas de ambulantes do viaduto Santa Ifigênia porque recebeu ordens de Savelli, de Pitta e do presidente do ProCentro (Programa de Revalorizaçao do Centro), Sanderley Fiúsa. A afirmaçao foi feita durante o segundo depoimento de Joao Bento, quarta à noite, na Dird (Divisao de Registros Diversos).  

O ex-administrador regional Joao Bento dos Santos Filho será indiciado por concussao, formaçao de quadrilha, peculato e condescendência criminosa. Na sexta-feira passada, ele já havia sido denunciado pelo Ministério Público Estadual por concussao, formaçao de quadrilha e prevaricaçao.