Esportes Titulo Confidencial
Da cabeça aos pés
Anderson Fattori
Do Diário do Grande ABC
23/07/2015 | 07:00
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Assim que Etiene Medeiros saiu da piscina em Toronto, com o ouro nos 100 m costas do Pan, fez questão de ressaltar o trabalho da psicóloga Cristiane Marconi, que havia passado horas lhe dando assistência, já que jamais uma brasileira tinha subido no lugar mais alto do pódio na natação e a pressão era enorme. A presença deste profissional é cada vez mais comum nos esportes olímpicos, em especial nos individuais, nos quais um erro pode comprometer o trabalho da temporada. Curiosamente, no futebol ocorre o contrário. Clubes investem milhões em contratações, mas são reticentes na hora de contar com psicólogo, nem mesmo a Seleção Brasileira, pasmem, tem este especialista.

Tentei apurar junto ao Conselho Federal de Psicologia o percentual dos clubes que contam com o profissional, mas nem a entidade tem os dados. Em pesquisa particular, descobri que dos 20 times que disputam o Campeonato Brasileiro, apenas São Paulo, Santos e Vasco contam com psicólogo no grupo.

Por melhor que seja o jogador, se não estiver equilibrado emocionalmente, não irá render o esperado. Vai lhe faltar confiança na hora de arriscar um chute longo ou um drible ousado. O medo das vaias e o peso da responsabilidade, muitas vezes, são fardos pesados demais para uma pessoa suportar sozinha. Aí que é necessário o apoio diário de um psicólogo, profissional capaz de identificar as individualidades, os desconfortos e trabalhar os inevitáveis traumas que a profissão de jogador causa.

Escrevi sobre isso após a derrota do Brasil para a Alemanha na Copa de 2014. Alguém acha que tecnicamente os times eram tão desiguais que justificasse os 7 a 1? Estava no Mineirão e a Alemanha tinha equipe mais equilibrada e consistente, era grande favorita, mas o placar foi a comprovação de que o Brasil se descontrolou emocionalmente e pôs tudo a perder.

Soube de Felipão que a psicóloga que trabalhava para a Seleção, Regina Brandão, fazia de graça. Ela ia na Granja Comary quando encaixava a necessidade dos atletas com sua agenda. Quando não tinha tempo, acreditem, atendia por e-mail. Tinha certeza que faria falta, como fez e continua fazendo.

Espero estar lúcido para ver o dia em que vão perceber que a presença de um psicólogo sério e comprometido é tão importante quanto a do treinador em uma comissão técnica.

MEDO?

Queria saber qual é o receio que o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, tem em deixar o País. Desde que o FBI iniciou investigação para limpar o futebol e vem prendendo executivos da Fifa e de confederações, o mandatário nunca mais saiu do Brasil. Não foi ao Chile durante a Copa América e foi um dos únicos a faltar no congresso da Fifa, segunda-feira, na Suíça. Ele também já disse que não irá à Rússia, sábado, para o sorteio das eliminatórias da Copa de 2018. Será que é medo de ser preso no Exterior, a exemplo de seu antecessor José Maria Marin? Acho que o torcedor merece mais explicações do que a desculpa de que não sai para acompanhar de perto a CPI do Futebol.




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