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Com pedido de trégua à corrupção, Copa América começa nesta quinta no Chile
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11/06/2015 | 07:00
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A Copa América começa nesta quinta-feira com um tremendo ponto de interrogação: jogadores extraordinários como Messi, Neymar, Cavani e Vidal vão ofuscar o escândalo da Fifa que colocou a Conmebol, entidade que organiza o torneio, como um dos centros do esquema de mundial corrupção que envolve dirigentes e empresários de marketing esportivo? Esse é o pano de fundo do jogo de estreia, entre Chile e Equador, no Estádio Nacional de Santiago, às 20h30 (de Brasília), e provavelmente das outras 25 partidas até o dia 4 de julho. É o embate entre a beleza do futebol e a crise judicial fora das quatro linhas.

Embora diversos jogadores tenham repetido, com algumas variações, a frase de Diego Armando Maradona - "a bola não se mancha" -, o desafio parece grandioso demais. "Nossa Copa América se vê manchada por eventos alheios ao futebol. É lamentável", disse Sergio Jadue, presidente da Associação Chilena de Futebol e vice da Conmebol. "Mas o futebol pode nos dar muitas alegrias dentro de campo", disse o dirigente à reportagem.

A expectativa é de que o torneio de seleções mais antigo do mundo seja uma espécie de trégua futebolística para o maior escândalo de corrupção da história do futebol mundial, que envolve suborno, pagamento de propina, lavagem de dinheiro, entre outros crimes.

Dirigentes e empresários de marketing esportivo sul-americanos são investigados pelas autoridades norte-americanas, entre eles, o ex-presidente da CBF José Maria Marin, preso na Suíça, e o ex-presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), Nicolás Leoz, que está em prisão domiciliar no Paraguai. Os valores relativos aos direitos de transmissão das competições em vigência (Copa América, Copa de Ouro, Liga dos Campeões da Concacaf e Copa do Brasil) serão destinados às autoridades americanas.

As investigações de corrupção na Fifa podem cancelar a edição especial da Copa América 2016, em homenagem ao centenário da competição, justamente nos Estados Unidos.

"Hoje o presidente de uma das confederações está detido, as empresas detentoras de direitos têm seus fundos bloqueados. Ninguém seriamente pode dizer que as coisas no futuro vão ser como estão previstas", disse Luis Meiszner, secretário-geral da Conmebol, no início do mês.

IMPACTO - Dentro de campo, a Copa América promete. O torneio reúne cinco das 16 melhores equipes do último Mundial. Todas as seleções têm motivações particulares para transformar o torneio em uma espécie de redenção.

Para o Brasil, será a primeira competição oficial após o vexame da Copa do Mundo. Dunga reconhece a pressão e faz uma comparação com seu primeiro título como treinador, exatamente na Copa América. "Não entendo. Em 2007, quando ganhamos a Copa América não era tão importante assim, agora parece que tem o mesmo valor da Copa do Mundo", reclamou Dunga.

O Chile, anfitrião que nunca venceu o torneio, também está faminto. As emissoras chilenas se recordam do chute na trave do atacante Mauricio Pinilla que impediu o Chile de eliminar o Brasil nas oitavas de final da Copa do Mundo no ano passado. A Copa América é, portanto, uma segunda oportunidade. Uma pesquisa do Centro de Estudos da Universidade San Sebastián mostrou que 61% acreditam que a seleção chilena pode chegar à final. A Colômbia também não engoliu a eliminação para o Brasil nas quartas de final e agora tem Falcao García, fora da Copa por contusão.

Para o volante argentino Lucas Biglia, vencer a Copa América pode amenizar a frustração de um ano atrás, quando a equipe perdeu a final da Copa do Mundo no Brasil para a Alemanha, no Maracanã. "A Copa América é muito importante. Não vai fechar a ferida (da Copa do Mundo), mas vai nos dar outra oportunidade", disse Bigllia ao site da Associação de Futebol Argentino (AFA).

DESFILE DE ESTRELAS - Se depender da escalação das seleções, a Copa América terá jogos de altíssimo nível técnico. Sete jogadores que participaram da última final da Liga dos Campeões vão se reencontrar nos gramados sul-americanos: o meia Roberto Pereyra, o atacante Carlitos Tévez, o meia Arturo Vidal, o goleiro Claudio Bravo, o atacante Lionel Messi, o volante Javier Mascherano e o atacante Neymar.

O Chile vive em função de suas estrelas na Europa: Arturo Vidal, um dos destaques da Juventus na Liga dos Campeões; Claudio Bravo, que teve bons momentos no Barcelona, e, sobretudo, Alexis Sánchez, atacante do Arsenal que foi eleito o melhor jogador da Premier League pelo público inglês em uma pesquisa com 20 mil torcedores.

Mesmo fora da Europa, Valdivia é sempre elogiado pelo técnico Jorge Sampaoli. "A mentalidade dos jogadores é positiva, os atletas têm muita experiência e nós estamos tranquilos. A Argentina tem a questão de ter perdido a final da Copa do Mundo, o Brasil por ter perdido em casa...Vai ser um torneio muito difícil." A premiação para os chilenos caso conquistem o título será de US$ 8,5 milhões.

A Colômbia vem com James Rodríguez, dono do prêmio Puskas e artilheiro da última Copa do Mundo. Além de Jackson Martínez, goleador do Campeonato Português pelo Porto, Falcao García e Cuadrado.

A Argentina é uma das favoritas, na visão dos próprios rivais. "A Argentina é uma equipe poderosíssima, para mim a que tem maior potencial entre todas que estão aí, pelos grandes jogadores que possui e por suas grandes experiências. Foi finalista da Copa do Mundo e tem Messi", declarou o técnico uruguaio Óscar Tabárez. A equipe ainda conta com Tévez, Di María, Javier Mascherano e o artilheiro do Campeonato Inglês, Sergio Agüero.

Dunga sabe que o título da Copa América será importante para a autoestima da seleção. A equipe tem boa defesa, mas continua dependendo de Neymar, o único craque.

A grande ausência do torneio será o atacante uruguaio Luis Suárez. Suspenso por nove jogos por causa da mordida que deu no zagueiro italiano Chielini na Copa do Mundo, ele só voltará à equipe nas Eliminatórias para o Mundial de 2018. O astro do time é Cavani, do PSG.




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