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Cachorros de rua incomodam depois do ‘fim’ da carrocinha
Por Verônica Fraidenraich
Do Diário do Grande ABC
08/06/2006 | 08:08
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A falta de carrocinha nas ruas incomoda moradores de Santo André e São Bernardo. A população das duas cidades se diz inconformadas com a proibição de retirar animais sadios das ruas e reclamam que somente se o animal morder alguém será levado pelo Serviço de Zoonoses da Prefeitura. O porteiro Leonardo Vicente de Paula Sobrinho, 47 anos, é um deles. O morador de Santo André conta que há vários dias seguidos, para abrir a porta do prédio onde trabalha, no Centro de Santo André, tem de enfrentar um cão que rosna para ele. Quarta-feira, o porteiro telefonou para o Serviço de Zoonose da Prefeitura do município e foi informado que os animais não estão sendo recolhidos.

“O cão dorme nos degraus (do prédio) e quando vou abrir a porta às 6h da manhã, ele não deixa eu passar e fica rosnando e latindo”. Segundo o porteiro, o local tem grande circulação de pessoas e ele teme que ocorra um acidente mais grave.

A polêmica sobre que animais devem ser ou não retirados das ruas em Santo André começou quando a promotoria do Meio Ambiente do município emitiu um termo de ajustamento de conduta no fim de 2002. O termo proibiu a Prefeitura de recolher animais sadios. Somente são recolhidos aqueles que mordem alguém ou estão doentes. “E a pessoa (que levou a mordida) tem que imediatamente procurar um posto de saúde que vai entrar em contato com a gente”, explica Thais Bruno Gutmann, gerente de controle de zoonoses de Santo André.

O estudante de direito Cléber Justino, 30 anos, de São Bernardo, também reclama do Serviço de Zoonoses de sua cidade. Uma noite, quando viu uma cadela sendo maltratada, resolveu levá-la para casa. Mas não esperava que estivesse prenha, muito menos que tivesse de cuidar da cadela e de seus oito filhotes. “A população fica lançada à própria sorte, pois os animais transmitem doenças e podem atacar as pessoas”, afirma o estudante, que quer seguir cuidando apenas da cadela.

Em São Bernardo, uma liminar concedida em dezembro de 2004 também proibiu a captura e o sacrifício de animais sadios. Segundo a Prefeitura informou quarta-feira, são recolhidos somente animais doentes – que são sacrificados –, além dos invasores e agressores – que são adotados, se os donos não os procurarem.

Para a médica veterinária Maria Marta Lecci Capelli, de São Bernardo, as medidas adotadas nos dois municípios foram necessárias para evitar a morte indiscriminada desses animais, mas ela afirma que falta na região um programa oficial massivo que permita maior controle dos animais de rua. “Esses animais deveriam ser esterilizados, vacinados, chipados e doados”. De acordo com Maria, os microchips serviriam para que os centros de controle de zoonoses pudessem acompanhar os animais e saber, por exemplo, se voltaram às ruas. A médica veterinária ressalta que há programas de castração em parceria com entidades de defesa dos animais, mas são ações tímidas. “Somente na minha clínica, castramos 60 animais em três dias da semana”.



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