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Mauá mostra descaso com desenhos de Marcier
Alessandro Soares
Do Diário do Grande ABC
23/06/2001 | 17:24
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O artista plástico Emeric Marcier (1916-1990) terá uma grande exposição retrospectiva entre outubro e novembro de 2002 em São Paulo, possivelmente na Pinacoteca do Estado, junto com o lançamento de um luxuoso livro sobre sua obra. Paisagista e artista sacro, ele pintou a série de 23 painéis da Capela Imaculada Conceição, em Mauá, um dos mais importantes conjuntos de afrescos do Brasil, restaurados em 1995. Mas esse reconhecimento ainda não chegou na cidade que abriga o acervo.

Os desenhos originais de grandes proporções, em carvão sobre papel, utilizados por Marcier entre 1945 e 1947 para esboçar seu trabalho, continuam no mesmo lugar em que estavam há quase 11 anos, quando o Diário os descobriu em 6 de setembro de 1990: no chão do mezanino da capela, entre poeira e restos de insetos, dobrados ou jogados e apresentando grandes pedaços rasgados.

A capela pertence a uma instituição privada, o Hospital Santa Casa de Mauá. Segundo o diretor administrativo da instituição, Edinaldo Paulo dos Reis, esses desenhos estariam “sumidos” desde o fim da restauração da capela em 1995. Na semana passada, o diretor e a reportagem do Diário subiram até o mezanino da capela, cujo acesso é feito somente com uma escada móvel. Ele se mostrou surpreso ao encontrar lá os desenhos. “Não sabia que estavam aqui ainda. Achei que Rosa Maria da Paz (diretora da Casa de Cultura Museu Barão de Mauá até 1996) os tinha levado para o Masp (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateubriand), ou pelo menos dado esse encaminhamento”, disse.

Rosa, artista plástica, afirmou que, na época, havia consultado uma pessoa (ela prefere não informar o nome) que trabalhava no Masp e que mostrou interesse em levar os desenhos para o museu. “Mas essa pessoa saiu do museu e perdemos contato. Minha parte eu cumpri: restaurar a capela e os afrescos. Reconheço que, como cidadã, poderia ter feito algo com relação aos desenhos. Achei que a próxima diretoria fosse cuidar do assunto”, afirma. “O Museu de Mauá não tem reserva técnica para isso”, diz Silvia Ahlers, a atual responsável. “A diretoria do hospital sempre esteve aberta a conversar sobre a capela”, afirma Rosa. “Não voltamos a falar com Rosa. Faz tempo que ela não nos telefona”, diz o diretor do hospital.

Ainda segundo Reis, a instituição não tem verba para cuidar do restauro e da manutenção dos desenhos. Na sexta-feira ele afirmou que encaminharia um ofício para a Secretaria de Educação, Cultura e Esporte de Mauá e solicitaria um espaço adequado para guardar os desenhos, além de ajuda para a conservação da capela. A Secretaria, segundo a assessoria de imprensa, aguarda o recebimento do ofício para se posicionar a respeito.




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