Cada vez mais distante do estilo musical que o projetou para o mundo, o cantor Chris Cornell, famoso por sua voz forte junto aos riffs pesados das guitarras dos grupos Soundgarden e Audioslave, lança seu terceiro álbum solo. Scream (Universal Music, R$ 30 em média) chega às lojas com 13 novas canções, todas escritas pelo artista.

A bolachinha traz um músico mais experimentalista, e não no sentido orgânico da música, mas no eletrônico. O novo CD é recheado de efeitos, bateria eletrônica e sons que parecem não sair das mãos de músicos, mas sim de uma mesa de efeitos, que por vários momentos são usados até na voz de Cornell.

Longe do rock and roll com o qual seu público estava acostumado, Cornell aposta alto na mudança, mergulha no pop, chega a ser dançante, busca climas com sua bela voz e é até ser feliz em alguns poucos momentos, como nas canções Never Far Away e Long Gone, os dois únicos destaques.

Quando lançou Carry On, seu álbum anterior, que inclusive rendeu shows no Brasil em 2007, já era nítida a vontade da mudança musical do vocalista.

Scream teve produção do rapper e compositor Timbaland, que tem em seu currículo nomes como Justin Timberlake e Nelly Furtado entre outros. O CD traz ainda a participação especial do cantor Justin Timberlake.

Cornell deve agradar aos fãs da música pop neste trabalho, mas também deixa uma grande interrogação quanto ao novo e incerto rumo de sua carreira.

A capa é ilustrada com Cornell pulando com uma guitarra na mão, que é estraçalhada nas páginas seguintes do encarte. Talvez seja uma forma de mostrar o desapego com o som que estava acostumado a fazer. Se a intenção era mudar, deixar de lado as canções que demonstravam sentimento e tomar um caminho totalmente novo, então é coerente.