Memória Titulo COLUNA
Uma entrevista com o Dr. Baeta Neves

O médico viu de perto os últimos meses da 1ª Guerra Mundial Na década seguinte loteou a Vila Baeta Neves, em São Bernardo

Ademir Médici
31/12/2018 | 07:00
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O médico Luiz Felipe Baeta Neves, loteador do bairro que leva o seu nome, em São Bernardo, retornava há 100 anos da Europa. Dr. Baeta Neves permaneceu seis meses em Paris, graduado como tenente-coronel. Citado como conceituado cirurgião, concedeu longa entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. Em pauta, o conflito mundial, que ele acompanhou de perto, ao lado de outros médicos brasileiros.

Baeta Neves declarou que ele e colegas da Missão Brasileira, a exemplo de outros médicos, mesmo os franceses, tiveram que fazer um estágio de dois meses nos hospitais de sangue, para se familiarizarem com a cirurgia de guerra.

Não tinham os médicos iniciado a aprendizagem, irrompe na França a epidemia da gripe espanhola. O governo solicita o auxilio da missão para socorrer os enfermos: “Fomos incumbidos, eu e o dr. Benedicto Montenegro, de estudar as organizações sanitárias nas frentes norte-americana e inglesa”.

O hospital brasileiro em Paris foi instalado num velho convento. Ganhou boas instalações, com amplas salas de operação, gabinete de raio X, laboratório bacteriológico e 250 leitos.

Terminada a guerra, era intenção do governo brasileiro a de trazer de volta os equipamentos médicos do seu hospital, contrariando a vontade de médicos como o Dr. Baeta Neves, que declarou: “É uma necessidade a existência do nosso hospital em Paris, pois que há ainda na capital da França milhares e milhares de feridos, tanto assim que o próprio governo daquele país declarou necessitar muito dos serviços do hospital brasileiro”.

Países aliados como os Estados Unidos e Canadá deixariam seus hospitais na França, um gesto de altruísmo que deveria ser seguido pelo Brasil, como deixou registrado o Dr. Baeta Neves na entrevista ao Estadão.

Adeus 1918. Que venha 1919

Cem anos atrás. O sistema telefônico engatinhava. Não havia TV nem rádio. O mundo saia de um conflito mundial, que depois seria chamado de a 1ª Guerra Mundial. No Brasil, com a perda de muitas vidas, podia-se dizer que o surto da gripe espanhola estava sendo vencido.

Nas redações dos jornais, como é praxe, articulistas recebiam a pauta de escrever sobre o ano que findava.

Memória destaca trechos de dois artigos, um do Estadão, outro do Correio Paulistano. Com palavras diferentes, os jornalistas citavam os dois fatos principais de 1918.

Anno Bom!(*)

É com um uff! de alívio que vemos desaparecer este fatídico ano de 1918. Nele não se registrou um minuto sequer de tranquilidade. Não há memória de um ano tão desastroso.

(...) Terminada a horrenda guerra, a peste irrompera, tremenda, furiosa, implacável. A morte, rondando dia a dia, levava chefes de famílias, poetas, jornalistas, cientistas, de quem tudo esperávamos, em quem tudo confiávamos.

Que o ano que chega seja de paz, fortuna e felicidade, porque bem o merece quem por tantas vicissitudes passou.

(*)Cf. O Estado de São Paulo, 1-1-1919, sem assinatura do autor.

Um longo varapau
Nuto Sant’Anna (*)

Nas alegorias de fim de ano é comum depararmos com um ancião de imensas barbas, de brancura de bisavô, apoiado a um longo varapau de jornada. É o clássico ano velho, que, de malas prontas, se põe a caminho da eternidade.

O 1918 que se finda, coroado de espessas folhas de loureiro, porque nele a guerra liquidou; por ter trazido penúrias e epidemias, soltando simbolicamente por uma janela ao rigoroso impulso de um pontapé.

Cf. Correio Paulistano, 31-12-1918.

Nuto Sant’Anna, pseudônimo de Benevenuto Silvério de Arruda Sant’Anna (1899-1975). Historiador e jornalista. Esteve na Vila Conceição, hoje Centro de Diadema, na década de 1930, percorrendo as ruínas de antiga capela local, e produzindo um importante artigo com subsídios à história do lugar
 

Interação com Facebook

‘Um caso de vida e morte’

O ar está quente, o clima é tenso. O delegado demonstra irritação, tem vontade de cair fora, beijar o ócio, partir para a ronda boêmia dos bares.
Da crônica de Guido Fidelis publicada pelo Diário em 31 de dezembro de 1988. Confiram a íntegra no Facebook da Memória – acessem o endereço acima.

Diário há 30 anos

Sábado, 31 de dezembro de 1988 – ano 31, edição 6950

Manchete – Tortorello, prefeito eleito de São Caetano, compõe com o PT com vistas à eleição da futura Câmara Municipal de São Caetano

Transição em Rio Grande da Serra – O prefeito eleito, Aparecido Benedito Franco, o Cid Franco, admite não ter planos definidos; William Valério Ramos, em fim de mandato, garante que deixa a política.

Nacional – Em seu programa Ao Pé do Rádio, presidente Sarney diz que 1988 foi penoso.
Editorial – Balanço amargo de 1988
Estradas – Trânsito para de novo a Anchieta/Imigrantes.
Acidente – Carro cai do viaduto da Anchieta, no km 22, sobre a Avenida João Firmino, em São Bernardo, e mata mulher.

Em 31 de dezembro de...

-1918 – Congresso Legislativo do Estado de São Paulo cria uma escola distrital no bairro da Cerâmica, distrito de São Caetano, do município de São Bernardo.
Nota – Há um século, raríssimas eram as localidades do atual Grande ABC definidas como bairros. Assim, o projeto em trâmite no legislativo estadual define ‘Cerâmica’ como um dos mais antigos da região.
- A guerra acabou. Do noticiário do Correio Paulistano: o presidente Wilson chegou a Manchester, município industrial da Inglaterra.
- Do noticiário do Estadão: a Conferência da Paz será adiada para fevereiro de 1919; a nacionalização dos estrangeiros residentes nos Estados Unidos.
-1973 – Confraternização no setor gráfico do Diário: linotipistas convidam os colegas da Redação para um brinde à virada do ano. Discursam: Antonio Devanir Leite, chefe da oficina, e José Louzeiro, secretário de Redação.
 

Santos do Dia

- Silvestre I
- Catarina Labouré
- Melânia

Municípios Brasileiros

Celebram aniversários em 31 de dezembro:

- Em São Paulo, Altair e Santa Cruz da Esperança
- Outros 41 municípios aniversariam hoje. Quinze pertencem a Minas Gerais: Ataleia, Bom Jesus do Galho, Dores de Guanhães, Itaguara, Itinga, Jacinto, Lagamar, Padre Paraíso, Pains, Pratápolis, Rubim, São Gonçalo do Abaeté, São João da Ponte, Seritinga e Sobrália.
- Hoje também é aniversário de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro.

Fonte: IBGE




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