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Falência ronda Moinho Sto.André
Por Leone Farias e William Glauber
Do Diário do Grande ABC
19/04/2006 | 08:02
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A complicada situação financeira do Moinho Santo André, com unidades na capital e em Santo André, colaborou fortemente para elevar o saldo negativo de fechamento de postos de trabalho no Grande ABC, conforme apontado por pesquisa do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo). Somente no mês passado, a empresa demitiu mais de 180 funcionários das duas fábricas, segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Alimentação de São Paulo e Região (filiado à Força Sindical).

Atualmente, o moinho de farinha de trigo está com as atividades industriais suspensas. Até o momento, a falência não foi decretada no Tabelião de Protestos de Santo André. Mas, segundo o presidente do sindicato, Carlos Vicente de Oliveira, a empresa não tem dinheiro para continuar as atividades. “O moinho já está falindo, está fechando”, conta.

A fábrica da Lapa, na capital, encerrou as atividades em fevereiro e, em março, a produção foi cessada em Santo André. Para honrar com as pendências trabalhistas, os sócios do Moinho Santo André fecharam acordo com o sindicato dos trabalhadores por meio da Junta de Conciliação Prévia, do Ministério do Trabalho e Emprego.

Segundo o dirigente sindical Marcio Villalva, a empresa vendeu 20 caminhões, no valor de R$ 800 mil, e injetou mais R$ 1 milhão para arcar com as verbas rescisórias. O pagamento será efetuado em 12 parcelas. “A negociação foi difícil porque os sócios alegavam não ter dinheiro. A dívida é alta, e o Banco Rural, que investiria R$ 5 milhões para capitalizar a empresa, desistiu.”

Padarias – Além de gerar desemprego, a crise financeira do Moinho Santo André atingiu pelo menos 20 padarias no Grande ABC por conta de supostas operações irregulares. A companhia fechou as portas, mas teria emitido títulos sem lastro para uma factoring, que protestou as padarias em função do pagamento não ter sido honrado.

Diante da falta de produção, a companhia não vende e, portanto, não teria como emitir notas fiscais de venda. Empresas de factoring operam antecipando recursos com base em títulos (notas fiscais, duplicatas etc). A acusação é do Sipan-ABC (Sindicato da Indústria de Panificação do Grande ABC), que já acionou o Departamento Jurídico contra o moinho.

O empresário de panificação Martinho Almeida dos Santos, proprietário da Bella Petrópolis, em São Bernardo, foi uma das vítimas de protestos no valor de R$ 10 mil de compras que nunca realizou. “Deixei de comprar do Moinho Santo André faz três meses. Estou no comércio há 40 anos, e nunca tive protesto”, diz indignado. Santos acrescenta que hoje já enfrenta problemas com fornecedores.



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