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Legionário alega legítima defesa
Deh Oliveira
Do Diário do Grande ABC
11/04/2009 | 07:13
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Andréa Iseki/DGABC


O soldado brasileiro da Legião Estrangeira acusado de matar dois colegas de farda, um camponês e um soldado das forças de paz da ONU (Organização das Nações Unidas) no Chade, na África, na terça-feira, fez sexta-feira o primeiro contato com sua família,que mora em Santo André.

Josafá de Moura da Silva Pereira, de 26 anos falou por telefone por aproximadamente dois minutos com uma de suas irmãs, Vera Lúcia Paulino, de 37. A ligação foi feita do país africano, onde ele está preso. Segundo ela, chorando muito, Josafá contou que agiu em legítima defesa, pois estava sendo perseguido há tempos pelos dois colegas legionários.

"Ele disse que foi atacado pelos três soldados enquanto dormia. Eles amarraram as mãos e os pés dele. Mas ele conseguiu escapar, pegou a arma e atirou neles", contou Vera Lúcia. Ela disse que o irmão contou ter escondido as armas dele antes de ir dormir, já preocupado com o que poderia ocorrer.

Após se livrar das cordas, ele foi até o local onde escondera o armamento e acabou atirando contra os colegas. Na fuga, Josafá matou um camponês. Vera Lúcia afirmou que o irmão contou ter agido para se defender e não para roubar um cavalo, como foi divulgado na imprensa estrangeira.

Segundo ele, a vítima teria lhe vendido cavalo, um turbante e uma túnica - trajes típicos do país africano - para que pudesse fugir disfarçado. Depois de receber o dinheiro, porém, o homem não quis entregá-los. Ele contou à irmã ter atirado no camponês após ser atacado pelas costas, quando a vítima tentou tomar-lhe a arma.

No telefonema Josafá disse à irmã que depois dos crimes ficou vagando pelo deserto durante dois dias, sem água nem comida. Ele foi capturado a 10 quilômetros de Abeche, cidade onde ocorreram os crimes. Vera Lúcia disse que ele permanece preso no país africano.

Mensagens - A última mensagem enviada à família por Josafá havia sido na segunda-feira, um e-mail para sua irmã Kátia Moura Pereira, de 28 anos. "Kátia, adeus. As coisas aqui não vão boas para mim. Perdão família. Nós nos encontramos naquele lugar (em referência ao céu", dizia o texto.

Segundo Kátia, um dia antes Josafá mandou outra mensagem, pelo Orkut, site de relacionamentos da internet. Nela, ele dizia à irmã que tentou ligar três vezes para a família, mas não conseguiu falar com ninguém.

Os familiares afirmam que em mensagens anteriores, Josafá relatava sofrer perseguições por parte dos dois colegas de farda. Na opinião da família, ele era perseguido por ser evangélico. "A moçada quando tinha folga [na Legião Estrangeira] ia para a gandaia. Josafá não bebe, não fuma e não se droga. Achavam que ele queria ser melhor do que os outros", disse Valdete Paulino Silva, de 40 anos, irmã mais velha de Josafá.

A perseguição, na versão dos familiares, o teria levado a desertar uma vez. "Ele disse que chegou a um ponto de perseguição que estavam ameaçando a vida dele. Para não matar ou morrer, ele fugiu", disse o irmão Jair Moura Pereira, de 33 anos. Depois do episódio ocorrido no Chade, a família reclama não receber qualquer informação de fontes oficiais, seja do governo francês ou do brasileiro.




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