Setecidades Titulo Habitação
Governo federal adia sonho da casa própria de 16.250 famílias

Atraso na divulgação da fase 3 do 'Minha Casa' tem
impacto na liberação dos projetos do Grande ABC

Por Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
24/09/2015 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


“Cada dia que passa fica mais difícil acreditar que vou conseguir minha casa própria.” O desabafo da auxiliar de lavanderia Simone Barbosa, 38 anos, retrata a frustração que famílias do Grande ABC sentiram ao saberem do adiamento – por tempo indeterminado – da fase 3 do Programa Minha Casa, Minha Vida. Previsto para ser lançado no dia 10, o programa do governo federal era visto como principal alternativa pelas prefeituras da região para colocar em prática projetos habitacionais que, juntos, ergueriam 16.250 moradias nos sete municípios.

A fase três tem como principal objetivo realizar financiamento de empreendimentos destinados às famílias da faixa 1 do Minha Casa, Minha Vida, destinado para aquelas que tem renda até R$ 1.660. Nesse caso, 95% do imóvel é bancado com recursos públicos. Entretanto, com a instabilidade financeira vivida pelo País, houve corte de recursos do programa.

Moradora do Núcleo Caviúna, em Diadema, Simone era uma das munícipes da região que se encaixava no perfil da nova fase do programa. Atualmente com o marido desempregado, ela mantém a casa sozinha com renda mensal de R$ 958. “Aqui as coisas não são fáceis. Somos eu, meu marido e mais quatro filhos em uma casa de três cômodos. Só de aluguel pagamos R$ 700. Quando a Prefeitura atrasa o auxílio moradia, no valor de R$ 420, não sobra nada”, relata a auxiliar de lavanderia, que se disse decepcionada com o corte da esfera federal. “Já estou perdendo a esperança neles.”

Desde 2007 vivendo de favor em uma casa que pertence a seu pai, a operadora de caixa Noemia Pinto Pereira, 36, declarou que não acredita mais no sonho da casa própria. “Acho que é só promessa de políticos.”

Para a desempregada Ana Cristina Conceição da Silva, 27, a decepção foi ainda maior ao saber que na região onde ela mora existe área desapropriada, apenas aguardando liberação federal para o início das obras. “Aqui mesmo está tudo certo para a construção de moradias, mas, pelo jeito, nada vai acontecer.”

Na terça-feira, o prefeito de Diadema, Lauro Michels (PV), ressaltou ter projeto, que depende de recurso do governo federal, para construção de 440 unidades habitacionais no Núcleo Caviúna. “Já estão todos cadastrados, os chamamentos públicos para escolha das empresas estão em andamento. Precisamos agora esperar a União lançar a fase 3 do Programa Minha Casa, Minha Vida para recebermos os recursos.”

No município, mais cinco projetos estavam em fase de elaboração ou aguardando aprovação para serem colocados em prática. Ao todo, somavam 866 unidades.

Santo André, por sua vez, está em fase de estudo para elaboração de projeto para construção de 1.402 unidades. Além disso, mais 1.996 compõem o chamamento público do Minha Casa, Minha Vida.

São Bernardo, que tem 980 unidades sendo construídas, possui projetos em fase de elaboração para construção de 6.000 moradias.

Mauá tem a perspectiva de viabilizar 4.462 habitações por meio do Minha Casa, Minha Vida.

Já Ribeirão Pires tem projeto aguardando aprovação e liberação de verba federal para construção de 580 unidades, enquanto Rio Grande da Serra tem em trâmite planos para 504 apartamentos.

Com falta de terrenos disponíveis, São Caetano não tem intenção de aderir ao programa federal.

Questionado sobre o atraso no lançamento da fase 3, o Ministério das Cidades disse que estão em discussão detalhes finais desta etapa do programa habitacional. “Aguardamos melhoria do ambiente econômico”, destacou, em nota. A Pasta ressaltou ainda que as contratações dirigidas aos públicos das faixas 2 e 3 seguem fluxo normalmente. Segundo o ministério, até o fim de agosto, 265.062 unidades habitacionais foram contratadas.

Grande ABC tem 169 mil vivendo em locais irregulares

Mais que atrasar projetos que estão em fase de elaboração ou que só aguardam liberação financeira por parte do governo federal, o adiamento da fase 3 do Programa Minha Casa, Minha Vida deixa mais longe o sonho da casa própria para 169.605 famílias que vivem em moradias irregulares no Grande ABC.

Em Santo André, existem 67 mil cadastros de famílias interessadas em programas habitacionais. Já em São Bernardo, 87.008 é o número de pessoas que vivem em áreas precárias.

São Caetano, por sua vez, possui famílias em 50 habitações coletivas.

Mauá calcula deficit habitacional de aproximadamente 13 mil moradias.

No município de Diadema, 1.000 famílias estão aguardando moradia.

Já Ribeirão Pires tem 1.500 famílias interessadas em participar do programa federal, enquanto Rio Grande possui 47 cadastradas.  




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