A Filarmônica alternou peças clássicas, como o Intermezzo Sinfônico da ópera Cavalleria Rusticana, de Pietro Mascagni (1804-1857), com obras populares, como o choro Brasileirinho, de Waldir Azevedo (1923-1980), já com o trio. Além de tocar com o Quintessência, a orquestra abriu espaço para números em que o trio se apresentou só. Antes da execução de cada peça, Rydlewski fez comentários sobre elas, para quem não está habituado à música erudita.
A estudante Arlete Couto não costuma freqüentar salas de concerto. Estava passeando no parque e resolveu assistir à apresentação. “Gostei mais dos chorinhos, mas, de uma maneira geral, achei legal”, afirmou. Sua amiga Diana Machado, também estudante, já foi a “duas apresentações da Sinfônica Estadual (Osesp)” e dá primazia a programas que não misturam o popular ao erudito. “Prefiro os arranjos mais puristas, mas os de hoje são bons”, disse.
Formado no ano passado pelo bandolinista Aleh Ferreira, pelo violonista Alessandro Penazzi e pelo violoncelista Júlio Cerezo Ortiz, o Trio Quintessência lança seu primeiro CD no início do próximo mês. Os três integrantes têm discos solo. Ferreira já lançou três (Sonhos, Sonhos e Canções e Aleh Ferreira ao Vivo). Penazzi possui o recém-lançado Abismo de Rosas. Suítes Brasileiras Para [Violoncelo] Solo é o de Ortiz.
Sabem trabalhar na fronteira entre o popular e o erudito e já tocaram nos Estados Unidos e na Rússia. Compositores, Ferreira e Penazzi mostraram seu trabalho também na África do Sul e em Angola. Ortiz é o spalla dos violoncelos da Filarmônica de São Bernardo, da Jazz Sinfônica e da Orquestra da Universidade de São Paulo. “Nosso primeiro CD tem músicas de vários estilos”, afirma Ortiz.
Rydlewski não faz muita diferença entre a música popular e a clássica. “Tocamos tanto uma como outra – a diferença está na maneira de tocar, não na forma de apreciar. O Brasil é uma grande síntese, e é preciso refletir um pouco isso, quebrar o gelo da tradição germânica”, diz. “Para nós não existe mais popular ou erudito, mas sim a boa música”, afirma Ortiz.
Rydlewski aproveita a deixa do violoncelista e vai além: “A boa música brasileira sofre de falta de espaço. Exemplos não faltam, como Ed Motta e Guinga, um colosso. Até grandes como Chico Buarque só aparecem quando lançam CDs. A mídia só se ocupa de música comercial, optou pela quantidade em detrimento da qualidade. Os jornais ainda dão espaço, mas precisamos da TV, que é o grande meio de comunicação”.
Para o maestro, o repertório de uma orquestra deve levar em consideração o público: “É para ele que tocamos. Bach, Vivaldi e Mozart faziam música popular. Orquestra é cultura, mas também pode ser entretenimento. É necessário formar e ampliar o público”. Rydlewski tem um gosto eclético. “Também adoro jazz e rock progressivo. Quando adolescente, fui a um show do Led Zeppelin. Fiquei surdo por uma semana, mas valeu”, afirma.
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