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Um mês depois do atentado, EUA ainda vivem pânico
Por Do Diário OnLine
11/10/2001 | 06:20
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Eram 8h50 de uma tranqüila terça-feira em Nova York. De repente, um Boeing 767 da American Airlines bate na torre norte do World Trade Center, um dos maiores símbolos do poderio econômico dos Estados Unidos. Uma forte explosão se segue e estilhaços de vidro voam. Minutos depois, o mundo já assistia pela TV as imagens do que se imaginava uma tragédia, um acidente.

Antes mesmo de o susto passar, um outro avião de grande porte se aproxima e literalmente invade a segunda das chamadas torres gêmeas. Neste momento, o planeta inteiro pára e não consegue entender o que está acontecendo.

Como que no desfecho do que até então só havia sido pensado pelos roteiristas de Hollywood, a torre norte desaba cerca de uma hora depois, graças aos violentos abalos na estrutura. A torre sul vai ao chão logo após, em uma nova cena impressionante de implosão. A tragédia se completava: além das milhares de pessoas que ainda tentavam deixar as duas torres, as equipes de resgate ficam sob toneladas de escombros.

Não era só. Quase que simultaneamente, um Boeing 757 da American Airlines atinge a sede do Pentágono. Uma ironia trágica, já que o prédio abriga o centro da inteligência militar e segurança dos Estados Unidos. Pela primeira vez em sua história, os Estados Unidos, o país mais poderoso do planeta, eram atingidos em seu coração.

As horas que se seguiram foram talvez as mais tensas da história. Um avião cai na Pensilvânia, o presidente George W. Bush faz um pronunciamento e desaparece misteriosamente. Surge em várias bases militares americanas — a Casa Branca explica depois que descobrira que o presidente também era um alvo.

Sim, um alvo. Agentes de segurança começam a desvendar um verdadeiro nó de informações e descobrem árabes entre os passageiros dos aviões utilizados nos atentados. Armados com facas, tomaram o comando das aeronaves e as transformaram em verdadeiros mísseis. Algo que os órgãos de inteligência americanos, e talvez do mundo todo, jamais imaginaram.

Um nome surge imediatamente: Osama Bin Laden, terrorista saudita escondido no Afeganistão, sob a proteção do regime extremista islâmico Talibã. Homem mais procurado do mundo, ele já é o principal suspeito da autoria de atentados anteriores, contra o próprio World Trade Center, em 1993, contra duas embaixadas americanas na África, em agosto de 1998, e contra o destróier americano USS Cole, em 2000.

Nos dias seguintes, Nova York permanece envolta pela fumaça. Pedaços de corpos são retirados, e o número de vítimas é calculado em mais de 6 mil. Ao mesmo tempo, agentes do FBI empreendem uma caçada pelos quatro cantos dos EUA em busca de suspeitos. Prende centenas de pessoas e vai estabelecendo os laços entre os terroristas e Bin Laden.

A grande pergunta que paira sobre a humanidade é: como os EUA vão se vingar? Com uma terceira guerra mundial? Para um presidente que até então dava sinais claros de isolamento das encrencas internacionais, Bush se mostrou mais comedido. Apesar de alas da Casa Branca defenderem um ataque mortal contra o Afeganistão, em busca de Bin Laden, ele prefere dar voz aos que brigam por costurar apoio na caçada aos responsáveis.

Com o mundo chocado e dando apoio quase incondicional aos EUA, inclusive as nações moderadas islâmicas, Bush vai ao Congresso e dá um ultimato ao Talibã: entreguem Bin Laden e todos os terroristas; caso contrário, sofrerão as conseqüências — dias depois, chegou a dizer que queria o saudita 'vivo ou morto', num rompante de John Wayne.

Os talibãs se negam, e começam a 'sofrer as conseqüências' no dia 7 de outubro, quando mísseis americanos e britânicos (aliados de primeira hora) atingem o Afeganistão. Desde então, as forças americanas têm sangrado os céus afegãos dia e noite.

O que vai acontecer daqui para a frente, não se sabe. Fala-se em invasão terrestre, em ações de tropas especiais nas montanhas afegãs. O certo é que os americanos vão atrás de Bin Laden, e que o Talibã também é alvo.

Na outra ponta, continuam as negociações para se montar um governo de transição no complicado país da Ásia central, um verdadeiro caldeirão de etnias rivais que nunca se deram. E também para acalmar o mundo islâmico e evitar a divisão do mundo em dois lados, como ameaçou o próprio Bin Laden em um pronunciamento à TV árabe no domingo.

A estratégia vem sendo chamada de 'pão e bomba', já que aviões de carga vêm lançando rações de comida ao faminto povo afegão, logo depois da chuva de mísseis. "Nossa guerra é contra o terror, não contra os afegãos", repetiu Bush inúmeras vezes nos últimos dias, respaldado pelo premiê britânico, Tony Blair.

Os americanos também trabalham na escolha dos próximos alvos, já que Bush prometeu uma 'campanha global' contra o terrorismo. Surgem então Iraque, Irã, Síria e países do leste da Ásia, como Filipinas, que abrigam grupos terroristas.

Além da dúvida sobre o que virá no front afegão, um medo surdo surge nos Estados Unidos. A CIA e o FBI já enviaram um comunicado reservado ao Congresso dizendo que as chances de acontecer de um novo atentado terrorista ao país são de 100%. O que foi reforçado pela Al Qaeda, o grupo comandado por Bin Laden, em um pronunciamento na TV na última terça: 'a tempestade de aviões seqüestrados não cessará. Há milhares de jovens dispostos a morrer pelo islã", bradou o porta-voz dos terroristas.

A paranóia já tomou conta dos EUA. E ela atende agora pelo nome de antraz, doença provocada por uma bactéria que mata 89% de suas vítimas. O microorganismo foi desenvolvido como arma biológica (pelos próprios americanos, inclusive), e já fez uma vítima fatal na Flórida. Segundo o FBI, foi manipulada em laboratório e, por isso, não está descartado um atentado terrorista. Duas outras pessoas já foram contaminadas, e estão isoladas em hospitais.

Na terça, um maluco borrifou um spray no metrô de Washington. Mais de 30 pessoas passaram mal. Descobriu-se depois que a tal substância era material de limpeza e que o desconforto sentido pelas pessoas foi provocado do gás pimenta usado pelos seguranças na prisão do agressor.

A segurança aérea foi reforçada e a Guarda Nacional, de uniforme camuflado e armada até os dentes, faz a segurança nos aeroportos. Bagagens suspeitas são destruídas e o presidente Bush já autorizou dois generais a abatarem aeronaves suspeitas sem pedir autorização.

Inúmeras ameaças falsas de bomba já foram registradas, prédios, evacuados e as máscaras de gás sumiram do mercado. E não só nos Estados Unidos. O mundo todo está apavorado com esse inimigo que não mostra o rosto e que não tem medo da morte. Se a batalha contra o terror vai ser vencida, não se sabe. Mas que o mundo nunca mais será o mesmo, disso não há dúvidas.




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