O duelo entre São Paulo e Santos, hoje, no jogo de ida da semifinal do Campeonato Paulista, às 16h (Globo, Band e Sportv), no Morumbi, representa muito mais que um simples confronto entre dois grandes do futebol paulista que brigam por uma final. O encontro entre são-paulinos e santistas colocará frente a frente a juventude contra a experiência, a habilidade contra a força física e no fim, o resultado mostrará se o chamado futebol-arte do Peixe consegue bater o futebol de resultados do Tricolor.

O Santos tem a seu favor a vantagem de jogar por dois resultados iguais, além de jogar a segunda e decisiva partida na Vila Belmiro. Tudo porque a equipe do técnico Dorival Júnior terminou a fase de classificação da competição com a melhor campanha. Em 19 partidas, o Peixe somou 47 pontos, teve o melhor ataque do Paulistão com 61 gols marcados e sofreu 24.

O São Paulo, do técnico Ricardo Gomes, conquistou a vaga nas semifinais apenas na última rodada, ao bater o Santo André por 3 a 1. A equipe somou 36 pontos, marcou 41 gols e levou 19.

A grande diferença de pontos entre as duas equipes lembra a situação encontrada na fase final do Campeonato Brasileiro de 2002, porém, as equipes estavam em situações opostas oito anos atrás.

O São Paulo realizou a melhor campanha da primeira fase e apresentava um futebol bem jogado. O Peixe só se classificou na última rodada e com a ajuda de outros resultados. A diferença de pontos entre as duas equipes era maior ainda: 13 pontos. Chance de revanche para o São Paulo?

Marlos é a arma Tricolor contra o Santos
O São Paulo iniciou o ano com um elenco repleto de novidades que prometiam dar muita dor de cabeça a Ricardo Gomes. Como solução para encontrar a equipe ideal, o treinador decidiu realizar rodízio entre os jogadores nas primeiras rodadas do Paulistão.

Porém, a equipe não engrenou e o grupo que mostrou o melhor futebol da temporada conta com apenas dois jogadores contratados pelo Tricolor na janela de transferência: o zagueiro Alex Silva e o volante Rodrigo Souto.

E o destaque das boas atuações nas vitórias contra Botafogo e Santo André é um jovem meia que iniciou o ano à sombra dos experientes Marcelinho Paraíba, Léo Lima e Cléber Santana. Trata-se de Marlos, que ganhou espaço nas rodadas finais e trouxe mais ofensividade e velocidade à equipe. "Hoje, o Marlos já é bem diferente do ano passado, mudou a forma de jogar", analisa Gomes. "Viu que se segurar a bola não adianta, passou a usar sua habilidade em prol do coletivo e para a frente. Deu uma mexida no grupo."

O coringa Jean, outro que também teve de vencer a concorrência de novos contratados e se firmou entre os 11 titulares, não poupou elogios ao jovem meia.

"O Marlos provou nos últimos jogos que tem o poder de definir, de decidir. Vem mostrando que é um jogador mais completo, pois tem habilidade, velocidade e força na marcação", analisou.

Tabu - A equipe que Ricardo Gomes colocará em campo contra o Santos é a mesma que bateu o Santo André na quarta-feira e terá a missão de acabar com um tabu que incomoda os são-paulinos em 2010. O Tricolor ainda não venceu nenhum clássico no ano - caiu frente a Portuguesa, Palmeiras, Santos e Corinthians.

"O que passou, não interessa mais. O Corinthians ganhou da gente e está fora. O que adiantou?", questiona o volante Rodrigo Souto, um dos destaques da equipe na retomada que culminou na classificação às semifinais. "Daqui para frente é que interessa. Se não ganhamos até agora, poderemos ganhar. Temos de nos pautar pelo que vai acontecer e não pelo que já aconteceu". (Com AE)

Dorival mantém o suspense sobre a equipe
O treinador santista Dorival Júnior faz suspense para definir a equipe que entra em campo hoje para enfrentar o São Paulo, no Morumbi. A dúvida do comandante do Peixe é se arma um trio ofensivo, formado por Neymar, Robinho e André, e que deu show durante a fase classificatória do Paulista ou se escala uma formação mais cautelosa, com Pará na lateral e Wesley no meio-campo.

Se levar em conta o retrospecto nos clássicos, Dorival escolherá a segunda opção. Com apenas dois atacantes e um meio mais reforçado. Assim, o Peixe venceu os duelos contra o São Paulo e Corinthians - nas duas ocasiões a dupla de ataque titular foi formada por Neymar e André. No confronto ante o Palmeiras, com o Robinho formando o trio ofensivo, o Santos perdeu.

Se depender do camisa sete santista, que pode perder o lugar entre os titulares, o Peixe não deve mudar sua forma de jogar. "Estamos atravessando um ótimo momento e não é preciso mudar nada. O time está adaptado a atuar assim. Isso não quer dizer que vamos ganhar com facilidade. Mas basta o ataque marcar a saída de bola do adversário que o meio-campo não fica sobrecarregado. Aí a defesa se fecha", aconselhou Robinho.

O atacante, que receberá uma homenagem por ter completado 200 jogos com a camisa do Santos contra o São Caetano, lembra que a atual equipe só ficará marcada positivamente se ganhar campeonatos. "Por mais que joguemos bonito ou demos goleadas nos adversários, só seremos lembrados se conquistarmos títulos", afirmou Robinho. Do grupo atual, ele está atrás apenas de Fábio Costa, que já defendeu o Santos em 341 jogos e Léo, com 321 partidas.

Mesmo com o discurso pautado pela cautela, o camisa sete não deixou de elogiar a nova safra dos Meninos da Vila. "O nosso time, apesar de jovem, tem qualidade suficiente para ser campeão. As dúvidas que estão surgindo são normais. No início, poucos acreditavam que os garotos ganhariam clássicos e agora falam que a equipe não está pronta para conquistar título. Depois vão falar das dificuldades que vai ter no Brasileiro", criticou. (Com AE)