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O cidadão italiano Cesare Battisti, condenado na Itália por quatro homicídios e considerado inocente por muita gente

Por Carlos Brickmann
14/04/2010 | 00:00
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O cidadão italiano Cesare Battisti, condenado na Itália por quatro homicídios e considerado inocente por muita gente - incluindo o ex-ministro da Justiça Tarso Genro - aguarda na cadeia decisão presidencial sobre seu destino. Pode ser enviado à Itália, para cumprir a pena a que lá foi condenado; pode receber asilo no Brasil e ficar aqui em liberdade.

Culpado ou inocente? Este colunista não tem a menor ideia. E. no caso, não faz a menor diferença. O importante é que um ser humano está sendo mantido preso há cerca de três anos no Brasil sem que aqui lhe tenha sido imposta qualquer pena. Se as autoridades brasileiras pensam que Battisti é culpado, que seja enviado rapidamente de volta à Itália, para que lá cumpra a pena que lhe foi imposta; se o consideram inocente, que seja rapidamente libertado, para que possa levar sua vida como refugiado. O que não se pode é varrer o problema para debaixo do tapete, deixando o tempo passar para que todos esqueçam o caso. É falta de respeito a uma pessoa, é falta de vontade do governo brasileiro de assumir responsabilidades e, talvez, desgostar mais eleitores do que aqueles que agradar.

Césare Battisti provoca paixões intensas, de pessoas que fazem longas viagens para lutar a seu lado, de pessoas que viajaram à Itália para buscar provas contra ele. Supõe-se, naturalmente, que tenham feito essas viagens à sua custa. Se não o fizeram, estará aí outro tema para investigação jornalística.

O que não se pode é deixar como está para ver como é que fica. É desumano.

ALEGRIA, ALEGRIA

O filho do senador José Sarney é investigado na Operação Faktor, da Polícia Federal. Desconfiam da lisura com que administra o império empresarial da família. Sarney sonhava voltar à Presidência, por alguns dias que fosse, nas próximas viagens do presidente Lula. Mas o vice José Alencar abandonou seus sonhos eleitorais e ficou de plantão, para evitar que isso acontecesse. Sarney, que chegou a ser popular, na época do Plano Cruzado, não é hoje tão bem-visto. Teve um tumor benigno no lábio superior (a cirurgia foi um sucesso). Mas sua preocupação não é com nada disso: "Graças a Deus", disse, "não perdi meu bigode". Este homem foi presidente da República. Então está tudo explicado.

UMA HISTÓRIA DE CHANTAGEM

Numa região das mais prósperas de São Paulo, há em curso uma tentativa de extorsão contra um prefeito de alta aprovação popular. Aproveitando a proximidade das eleições, o empresário que tenta a extorsão ameaça abrir processo criminal, cujo texto fez transpirar, contra o prefeito. O processo é estranho - entre outras coisas, culpa o prefeito por atos irregulares confessadamente cometidos pelo próprio queixoso. O objetivo é conseguir cobertura de imprensa desfavorável ao prefeito na época eleitoral. O advogado do caso já fez isso outras vezes.

UMA HISTÓRIA DE RESISTÊNCIA

O que o autor da tentativa de extorsão não imaginava era a reação do prefeito, que procurou a imprensa e expôs o caso, pediu abertura de inquérito policial e prepara representação ao Ministério Público. Será ótimo para servir de exemplo.

A AMEAÇA DE PREÇÕES

O chuchu já foi acusado de aumentar a inflação no Brasil - acredite: foi durante o regime militar. E, já que o chuchu era o culpado, o governo ficava desobrigado de combater a inflação e conter os preços altos. A desculpa está de volta: agora, há a inflação do tomatinho, somada à alta do feijãozinho - quem sabe assim, no diminutivo, a inflação esquece da gente? O fato é que está ocorrendo uma guerra no governo: o grupo do Banco Central está preocupado com a inflação (que ameaça chegar a 5,5% neste ano, contra a meta de 4,5%, e sem a possibilidade de recorrer a importações maciças, já que a balança de pagamentos não vai tão bem). Querem aumentar os juros. Os seguidores do ministro da Fazenda, Guido Mantega, querem evitar de qualquer jeito a alta de juros antes da eleição. Por isso Mantega nega o problema e fala do tomatinho pequenininho. Em resumo, prepare os bolsos: ou sobem os juros ou os preços podem virar preções.




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