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'Cidade dos Homens' volta a ser exibido nesta sexta
André Bernardo
Da TV Press
24/09/2004 | 14:27
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Os atores Douglas Silva e Darlan Cunha não lembram nem de longe os meninos que protagonizaram o episódio Palace II, exibido pela série Brava Gente em dezembro de 2000. Quatro anos depois, os dois já estão mudando a voz, dividem um apartamento no Rio e já pensam no que querem ser quando crescer mais. Na nova temporada de Cidade dos Homens, que reestréia nesta sexta-feira, às 23h20, na Globo, os personagens de Douglas e Darlan, Acerola e Laranjinha, também enfrentam problemas típicos da vida adulta, como as agruras da gravidez na adolescência, a busca pelo primeiro emprego e o envolvimento com o tráfico de drogas. “Apesar de ambientada na pobreza dos morros cariocas, a série transmite alegria, pensamento positivo, alto-astral, enfim, o lado mais otimista do brasileiro”, diz Fernando Meirelles, sócio da produtora O2 e um dos idealizadores da série.

Atualmente, Fernando está às voltas com a montagem do filme O Jardineiro Fiel, uma produção inglesa estrelada por Ralph Fiennes e Ralph Weiz e rodada na África e na Europa. Por conta disso, ele incumbiu Paulo Morelli, também da O2, de assumir a direção-geral da nova temporada da série. Morelli, aliás, dirigiu dois dos cinco episódios da nova safra: A Primeira Vez e Olho por Olho. Para os demais, convidou Regina Casé, Philippe Barcinski e Cao Hamburguer. Um dos mentores das bem-sucedidas séries Rá-Tim-Bum e Castelo Rá-Tim-Bum, da Cultura, Cao dirigiu o episódio Foi Sem Querer, no qual Acerola descobre que será pai e Laranjinha tenta encontrar o seu. “Para toda uma geração, o Laranjinha e o Acerola viraram ídolos, quase super-heróis. Acho bacana aproveitar o carisma deles para servir de alerta sobre diversos problemas sociais”, afirma Meirelles.

Na nova temporada, os cinco episódios terão continuidade entre si. Tudo começa em A Primeira Vez, que fala da iniciação sexual de Laranjinha e Acerola. No decorrer da série, os personagens discutirão a questão da paternidade responsável, sair à procura do primeiro emprego e até viajar para São Paulo, onde vão se deparar com o universo politizado do hip hop da periferia. Até então, Cidade dos Homens só havia sido gravado fora do Rio em Dois Para Brasília, quando Laranjinha e Acerola foram conhecer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Se eu disser que gosto mais de um, vão brigar comigo! Aí, eu digo que gosto de todos!”, afirma Darlan, quando indagado sobre seu episódio favorito.

Desde Palace II, a vida de Douglas e Darlan nunca mais foi a mesma. Logo, os dois integrantes do grupo Nós do Morro - formado por atores da Comunidade do Vidigal, na Zona Sul do Rio - foram convidados a integrar o elenco de Cidade de Deus, de Fernando Meirelles: Douglas como Dadinho e Darlan como Filé com Fritas. Em outubro de 2002, veio a idéia de se fazer uma franquia televisiva do filme, que arrebatou mais de 3 milhões de espectadores e mereceu quatro indicações ao Oscar. Logo na primeira temporada, Cidade dos Homens alcançou 35 pontos de audiência, ganhou um prêmio da APCA e foi vendida para 15 países. A nova temporada promete ser a penúltima da série. “Às vezes, enjoa fazer sempre o mesmo personagem. Não quero ser conhecido como Acerola a vida toda”, diz Douglas.

Com o fim da série, o diretor e roteirista Paulo Morelli pretende levar Cidade dos Homens também para o cinema. No longa, a amizade de Acerola e Laranjinha, então com 18 anos, é colocada em xeque quando eles assumem lados opostos de uma comunidade dividida pelo tráfico. Longe da ficção, Douglas e Darlan nunca estiveram tão unidos. Tanto que, desde julho, dividem um mesmo apartamento no Leblon, na Zona Sul do Rio. “A gente só não pode é deixar o lugar bagunçado para receber os amigos”, afirma Douglas. Quanto ao futuro profissional, Darlan já está decidido: quer mesmo ser ator. Recentemente, participou do filme Meu Tio Matou um Cara, de Jorge Furtado. Já Douglas não tem tanta certeza. Ciente dos altos e baixos da carreira de ator, cogita tentar outra profissão. “Não dá para viver só de ilusão”, afirma.




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