As vendas de veículos zero km registraram queda em agosto na comparação com julho. No Grande ABC, a comercialização de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus caiu 6,47% - de 6.860 unidades vendidas em julho para 6.416 em agosto -, de acordo com dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores). Não foi tão acentuada quanto a baixa observada (de 14,9%) em todo o País.

Um fator sazonal (julho teve dois dias úteis a mais) teria colaborado para a queda. No entanto, para o presidente do Sincodiv (Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos do Estado de São Paulo), Octávio Vallejo, a performance já era esperada não apenas por esse motivo, mas também porque em agosto tradicionalmente as lojas se preparam para receber novas versões e modelos do ano seguinte, o que faz muitos consumidores aguardarem para efetivar as compras.

Revendas da região ouvidas pela reportagem avaliam ainda que recentes altas nas taxas de juros e os estoques cheios de carros para pronta-entrega - o que cria mais opções de compra para os consumidores - também estariam pesando para a retração.

"Os juros subiram, acompanharam a Selic (a taxa básica da economia). As taxas dos bancos cresceram em média 0,5 ponto percentual", disse o supervisor de vendas da Ford Mix, Marco Bonzani. Na concessionária de São Caetano, houve queda de 30% de um mês para o outro. De 300 unidades de novos vendidos em julho, a loja vendeu 210 no mês passado.

Em outra revenda do Grande ABC, a GM Primarca, o desempenho de agosto também ficou abaixo do registrado no mês anterior. "Houve uma redução de 15%", afirmou o gerente de novos, Edvaldo Piotto. "O mercado está mais difícil, tem muito carro para pronta-entrega e a disputa aumentou", acrescentou.

Piotto cita que no início do ano carros como o Corsa 1.4 tinham fila de até 90 dias de espera e, atualmente, os lojistas estão com estoques cheios.

Apesar da retração, o gerente da concessionária GM espera bons resultados nos próximos quatros meses, normalmente fortes para as vendas de veículos, devido à entrada do 13º salário.

Por sua vez, a VW Savol, de Santo André, informou que teve crescimento de um mês para outro, de 12% (140 unidades vendidas frente a 125 em julho), por conta de um aquecimento da procura nos últimos dias do mês passado. A entrada de novos modelos, como o Novo Gol, e modelos anos 2009 teriam ajudado a impulsionar os resultados, segundo o gerente de novos e usados, Marcos Marques.

NO ANO - A retração no mês não impediu que, no acumulado do ano até agosto, o volume vendido ainda seja bem superior ao do mesmo período de 2007. No Grande ABC, de acordo com os dados da Fenabrave, a alta é de 23,12%, enquanto no País todo, há expansão de 26,4%.

Para o presidente do Sincodiv, depois de altas que chegaram a mais de 30% em relação ao ano passado, há a perspectiva de desempenhos menos expressivos. Vallejo projeta para o fechamento do ano um crescimento de 21% a 23% na comparação com 2008.