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Polícia Civil de Mauá sofre com baixas causadas pela Covid-19

Deficit de agentes é histórico e desfalques pela doença geram problemas; Sindicato dos Delegados do Estado aponta falta de transparência

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
26/11/2020 | 00:01
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Celso Luiz/DGABC


Entre oito e 12 policiais civis de Mauá estão afastados do trabalho devido à contaminação por Covid. Segundo fontes ouvidas pelo Diário, os desfalques estão distribuídos pelas seis delegacias do município, e desde o início da pandemia, ao menos duas pessoas já morreram em decorrência da doença, um policial e um funcionário do administrativo. A SSP (Secretaria da Segurança Pública) não confirmou quantos servidores já foram contaminados nem quantos estão afastados, e o Sindicato dos Delegados do Estado de São Paulo acusa a pasta de falta de transparência.

De acordo com a apuração do Diário, o afastamento dos profissionais tem sobrecarregado as equipes que estão em atuação. O deficit de agentes na Polícia Civil do Grande ABC é um problema histórico e o Diário mostrou em outubro que faltam 761 trabalhadores nas delegacias da região. Na seccional de Santo André, que também é responsável por Mauá, a diferença entre quantos policiais deveriam atuar e quantos atuam efetivamente é de 39%.

O Sindpesp (Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo) informou que, desde o início da pandemia, pede para a SSP, semanalmente, dados de trabalhadores infectados e afastados, mas que não tem recebido retorno. A presidente do sindicato, Raquel Kobashi Gallinati, afirmou que, embora a pandemia no Brasil tenha começado em março, até agora a Polícia Civil não tem um plano de contingência para que a população da região não fique desassistida neste tipo de situação. “É um exemplo do descaso do governo do Estado com a segurança pública e a qualidade do atendimento prestado à população”, afirmou.

Outra situação relatada ao Diário é a atuação de GCMs (Guardas-Civis Municipais) nas delegacias de Mauá. Cedidos por meio de convênio entre a SSP e a Prefeitura, os guardas realizam trabalhos administrativos. Segundo integrantes da guarda, a prática, que ocorre desde 2018, tem desfalcado as equipes e atrapalhado o trabalho da GCM.

Em nota, a Prefeitura informou que cinco GCMs têm atuado nas delegacias e que o convênio tem validade de cinco anos. A administração não respondeu às críticas de que essa prática tem atrapalhado o trabalho da GCM e destacou que “as funções desempenhadas são para o auxílio dos registros de ocorrências e, em parceria com as delegacias que conjugam esforços para execução das atividades de segurança publica, subsidiando para um melhor planejamento da Secretaria de Segurança”.

A SSP não confirmou o número de policiais contaminados e/ou afastados em decorrência da Covid-19, mas destacou que em todo o Estado, a proporção de servidores da segurança pública afastados após contaminação é de 1,99% do total, enquanto os óbitos correspondem a 0,4% do efetivo. A pasta afirmou que todo policial com suspeita ou diagnóstico de Covid-19 foi ou está devidamente afastado, conforme orientações do Comitê de Contingência do Coronavírus. Que a Polícia Civil acompanha o quadro clínico, fornecendo todo o suporte necessário para a recuperação de seus agentes.

“Além disso, a SSP tem adotado todas as medidas necessárias para garantir a proteção acerca da Covid-19, como aquisição e distribuição de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), máscaras e luvas para os servidores e agentes de segurança”, conclui a nota. 




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