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A marca de Burle Marx resiste em Santo André

Quando vocês percorrerem as ruas centrais de Santo André lembrem-se: vocês estarão pisando em formas geométricas da equipe de Roberto Burle Marx

Por Ademir Medici
Do Diário do Grande ABC
13/10/2008 | 00:00
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Às novas, antigas e futuras gerações: quando vocês percorrerem as ruas centrais de Santo André e depararem com os desenhos das calçadas como estes que decoram a coluna hoje, lembrem-se: vocês estarão pisando em formas geométricas e artísticas pensadas e idealizadas pela equipe de um mestre do paisagismo nacional, Roberto Burle Marx.

Saibam também que este Diário acompanhou desde o início o projeto paisagístico que Burle Marx executou. O jornal sempre defendeu a obra. Noticiou em primeira página a contratação da obra pelo governo do saudoso prefeito Fioravante Zampol, em 1967; publicou o primeiro esboço dos desenhos, em 1969; noticiou a inauguração do Centro Cívico, com as calçadas inovadoras que fugiram aos desenhos em ondas consagrados a partir de Copacabana, no Rio de Janeiro.

Pelos anos e edições afora, o Diário publicou algumas centenas de imagens da calçada burlemarxiana, mesmo sem se referir diretamente a ela. Isto porque os desenhos tomaram de tal conta a paisagem da cidade que ele aparece sempre quando a equipe de reportagem focaliza o centro urbano e expandido de Santo André: numa matéria de trânsito, lá está a calçada; numa passeata de políticos ou outros manifestantes, o cenário são os desenhos que Burle Marx imaginou.

Em 2004, por exemplo, em reportagem na capa do Caderno Cultura & Lazer, os repórteres Everaldo Fioravante e Orlando Filho focalizaram três obras específicas de Burle Marx, que se deterioravam: a monumental tapeçaria do 9º andar do Paço Municipal, o mural em concreto no saguão do Teatro Municipal e as pedras soltas das calçadas do Centro Cívico. Na matéria intitulada ‘Não é o tapetinho lá de casa', a reportagem chamava a atenção para a importância da obra coletiva de Burle Marx em Santo André e a necessidade da sua restauração e preservação. Percorram os jardins públicos de Santo André e descubram que todo o paisagismo também é uma herança do próprio.

A coluna retorna ao tema alertado pelas fotos que recebeu da professora andreense Maria Augusta Buesa, autora de uma dissertação de mestrado sobre a obra de Burle Marx entre nós. A professora nos mostra que o Poder Público, mesmo que silenciosamente, tem investido na recuperação de calçadas com o desenho de Burle Marx, em especial na Vila Bastos. Os ladrilhos com o desenho de Burle Marx são ainda produzidos em Santo André, mesmo que um outro desenho tenha sido adotado em várias obras mais contemporâneas.

Não importa. O legal é que a marca de Burle Marx sobrevive em Santo André, ao menos para reposição em calçadas centrais. A informação da professora Maria Augusta é um chamamento de atenção. Que as futuras administrações públicas se interessem, como a atual, em preservar uma marca que vem lá de trás e que poucas comunas podem ostentar, pela beleza plástica, originalidade e assinatura sagrada do autor.

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Vangelista Bazani, o Gili, nasce no Espírito Santo do Pinhal (SP). Memorialista de Santo André. Guardou um acervo impressionante de fotos dos pontos periféricos do Grande ABC, a partir dos anos 40, e sempre teve uma atuação comunitária: presidiu a Sociedade Amigos de Vila Valparaíso, em Santo André, e integrou o Gipem - Grupo Independente de Pesquisadores da Memória. Sua partida deixou um grande vazio entre todos nós.

Santo André inaugura a Casa da Professora, atrás da Escola Técnica Júlio de Mesquita e que recebeu o nome de Carmem do Canto Leal.

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Ademir Medici é jornalista e autor de livros sobre a memória do Grande ABC




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