Política Titulo Sindicato
Ato pró-Dilma é vaiado pela base

Assembleia contabilizou manifestações
contrárias a presidente e ao petismo na VW

Fabio Martins
Do Diário do Grande ABC
26/03/2016 | 07:00
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Divulgação


Ato realizado pela direção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, quinta-feira, na unidade da Volkswagen, em São Bernardo, ficou registrado por sonoras vaias dos trabalhadores à presidente Dilma Rousseff (PT) e ao petismo, simbolizando descontentamento até mesmo da categoria, na qual, em seu berço, serviu de base para origem do partido. O discurso adotado na assembleia, convocada sob a tese de defesa da democracia, não foi bem digerido por boa parte dos participantes da atividade, que chegou a entoar coro de ‘Fora, PT’ e ‘Fora, Dilma’. Série de manifestantes abandonou o evento durante a fala dos organizadores.

Os metalúrgicos da fábrica compareceram em peso à assembleia – aproximadamente 2.500 pessoas. Desde janeiro existem cerca de 2.000 operários em lay-off (suspensão do contrato de trabalho) – de um total de 10,5 mil empregados, ou seja, em torno de 20% entraram no sistema – devido ao momento de crises política e econômica. Por conta da instabilidade no País, o governo federal perdeu o apoio de movimentos que, historicamente, eram frente de defesa do PT. Houve iniciativa idêntica do sindicato, na terça-feira, na Ford, chamada também com a argumentação de luta contra o golpe, em referência ao processo de impeachment, instaurado ainda sem crime de responsabilidade contra Dilma.

Presente ao ato, a metalúrgica Carolina Colcro (PSTU)mencionou que o sindicato não se dispôs a fazer pauta em favor dos trabalhadores. “Era basicamente apoio ao governo.” Ex-petista, o professor Ivanci dos Santos (PSTU), prefeiturável em Diadema em 2012, afirmou que a política empreendida pelo PT “rompeu com a base”. “Há ruptura evidente da base em grandes proporções. Não é só a classe média ou elite, mas também quebra de confiança da classe trabalhadora.”

Presidente do sindicato, Rafael Marques (PT) minimizou os protestos feitos na atividade, considerando que “é natural” e “partiu de um pedaço” dos metalúrgicos, “influenciados pela mídia”. Segundo ele, o ato era um alerta sobre o grave clima político e preparativo para mobilizações em futuro próximo. “Não podemos concordar que a pauta conservadora do Congresso (Nacional) seja retrocesso à luta dos trabalhadores. Há críticas contra o governo, principalmente pelas promessas firmadas na campanha (eleitoral de 2014), que não estão sendo cumpridas. Por isso, vejo como natural que parcela manifeste-se contrária, existe sentimento de frustração, resistência.”

Em contrapartida, Rafael alegou que esta atmosfera “não justifica” movimento pela queda da presidente, declarando que o sindicato tem cobrado o Planalto por mudanças na condução dos trabalhos, embora Dilma mantenha discurso na contramão, de austeridade fiscal e cortes em programas. “É ciclo vicioso. O governo necessita tomar medidas, desonerar investimentos, injetar recursos na economia para retomada do crédito. Possuímos mercado interno forte.” Oriundo do movimento sindical, o ex-presidente Lula (PT) compareceu, na quarta, a evento com sindicalistas, na Capital. Lula disse saber que ali tinha dirigente “p... com a política econômica atual”. 




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