Uma quadrilha de traficantes utiliza um dos alojamentos da avenida José Fornari, em São Bernando, para suas operações. A movimentação de madrugada é contínua. Moradores vêem armas de grosso calibre, "pistolas automáticas, espingardas calibre 12" e circulação de maconha e cocaína. "É muito pó que corre por aqui."

Os alojamentos não têm proteção policial. Não há nem mesmo um portão que separa a avenida José Fornari das construções de aglomerado de madeira.

Com raras exceções, prevalece a lei do silêncio. A presença dos bandidos é um elemento a mais no desconforto dos alojamentos. Quando se pergunta se há criminalidade, os moradores costumam retrucar com o clichê: "E onde não tem violência?" Uma pessoa, no entanto, criou coragem, chamou a reportagem para seu cubículo e relatou o que vem presenciando nos últimos meses.

"É um entra-e-sai de bandidos que não termina. A gente fica em casa tremendo. Vem gente de fora, entra aqui, pega a mercadoria e vai embora. Para assustar os moradores, eles fazem disparos. É pipoco pra todo lado. Ninguém pode falar nada, senão eles acabam com a nossa raça."

Essa pessoa não conseguiu terminar o relato porque começou a chorar convulsivamente. Pediu ajuda à reportagem e disse que os moradores eram reféns dos criminosos.

Estupro - Na semana passada, uma adolescente escapou de ser estuprada nas proximidades do abrigo. Ela foi agarrada por um homem, que a ameaçou de morte. Uma outra menina que estava com ela saiu correndo e conseguiu chegar no alojamento. Pediu ajuda aos moradores. "Foi uma correria, mas a gente conseguiu chegar a tempo", conta um homem que participou do resgate.

O estuprador fugiu. Na mesma noite, o corpo de uma mulher foi encontrado ali perto. A família da adolescente que escapou de ser estuprada ia dar queixa na delegacia, mas foi desmotivada pelos vizinhos. "O pessoal do controle (traficantes) não quer que a polícia apareça por aqui", relatou um morador.