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Policial militar que foi morta em São Paulo era arrimo de família

Parentes, colegas e amigos se despediram da PM, que foi enterrada em São Bernardo

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
08/08/2018 | 07:00
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 A PM (policial militar) Juliane dos Santos Duarte, 27 anos, que foi encontrada morta dentro do porta-malas de um carro em São Paulo, na segunda-feira, era a responsável pela sua família, formada pela mãe e a irmã. A informação foi passada ontem por seu comandante direto da PM, tenente coronel Márcio Necho da Silva, durante enterro da jovem, no Cemitério da Vila Euclides, em São Bernardo. Mais de 300 pessoas acompanharam a cerimônia.

“Era o que chamamos de arrimo de família. Extremamente prestativa, educada, cumpridora das normas, amiga dos companheiros. Possuía ótima folha policial, uma oficial exemplar”, elogiou seu superior. O comandante lembrou que, pouco antes de sair de férias , Juliane deteve dois acusados de tráfico e apreendeu mais de dois quilos de drogas. “Uma apreensão importante”, completou o tenente coronel.

Juliane, que era moradora de São Bernardo, estava em um bar na comunidade de Paraisópolis, no dia 1ª de agosto - seu primeiro dia de férias - quando foi levada por quatro homens em um carro. Segundo testemunhas, após suspeita de furto de um celular dentro do estabelecimento, a jovem se identificou como PM. Cerca de 40 minutos depois, os homens chegaram, dispararam contra ela e a colocaram no veículo. Seu corpo foi encontrado cinco dias depois, a cerca de oito quilômetros do local onde foi baleada.

“As testemunhas não souberam precisar quantos disparos foram realizados dentro do bar. No corpo da policial havia duas marcas de tiro, uma na virilha e outra na cabeça”, explicou o comandante Necho. 

Desde que Juliane desapareceu, o policiamento na comunidade foi reforçado e deve continuar assim pelos próximos dias. “O objetivo é prender os homens que fizeram isso. De maneira covarde, se aproveitaram da superioridade numérica. Ainda tínhamos esperança de encontra-la viva, mas a bandidagem não perdoa policial militar”, completou. O comandante reforçou que ao se identificar como PM, Juliane cumpriu com a sua obrigação de policial. Ainda não há informações sobre o proprietário do carro onde o corpo da oficial foi encontrado. “Sabemos apenas que não tem registro de furto e roubo”, declarou o policial. A PM atuava no 3º Batalhão, na região de Americanópolis, divisa com Diadema.

A SSP (Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo) informou, por meio de nota, que o titular da Pasta, Mágino Alves Barbosa Filho, determinou o pagamento de até R$ 50 mil para quem fornecer informações que levem à identificação do responsável pela morte da PM. “O DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) investigará o caso com o acompanhamento do 89º DP, que já teve a prisão de um suspeito decretada pela Justiça. Diligências estão em andamento para apurar o envolvimento de outras pessoas no crime. Mais detalhes não serão divulgados no momento para não atrapalhar o trabalho policial”.

Jovem sonhava em seguir carreira na PM

A PM (policial militar) Juliane dos Santos Duarte sonhava em seguir carreira na corporação. Ex-guarda civil municipal de São Paulo, a jovem pediu exoneração quando passou no concurso para ser policial, há dois anos. Juliane, que foi encontrada morta no porta-malas de um carro em São Paulo, na segunda-feira, foi enterrada ontem em São Bernardo.

Bastante emocionado, um grupo de amigas da PM – que preferiu não se identificar – relatou que a jovem era muito dedicada. “Ela se formou em Educação Física e queria continuar crescendo, para um dia chegar à Polícia Federal”, declarou a amiga.

A austeridade da rotina policial ficava de lado nas folgas, quando Juliane fazia outra coisa que gostava e executava bem: dançar forró. “Não tinha quem não quisesse dançar com ela. Sempre foi tranquila, gostava de balada, mas trocava uma saída de noite por um churrasco com as amigas”, relembrou outra jovem.

Uma das colegas, com quem Juliane cursou seis meses da formação para policial, lembrou que a PM era o tipo de amiga que está disponível para todos, a todo momento. “Nos momentos mais difíceis da minha vida, ela estava ao meu lado. Quando fiz 24 anos, passamos só nós duas juntas”, pontuou</CW>.

Juliane saiu de férias no dia 1º de agosto, mesmo dia em que foi vista pela última vez com vida. Seu corpo foi encontrado cinco dias depois. “Sei que tinha comprado passagens para ir para Minas Gerais. Ia passar por Mogi Mirim, na casa de uns amigos, e depois ia para a minha casa em Campinas”, citou uma amiga. “Quando fecho os olhos, a primeira coisa que me lembro é o sorriso que ela tinha”, finalizou.

Como não foi morta em serviço, Juliane não teve direito a honras militares, mas os muitos policiais que acompanharam seu enterro cantaram o hino da PM e prestaram a ela a última continência.




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