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Região abandona planos voltados para a política cicloviária

Com 30,8 km de vias destinadas para ciclistas,
Grande ABC patina na integração de modais

Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
29/05/2017 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


 Impulsionada na gestão passada com o ambicioso projeto adotado na Capital pelo ex-prefeito Fernando Haddad (PT), a política cicloviária de municípios do Grande ABC mostra seus primeiros sinais de esquecimento. Sem manutenção, circuitos existentes apresentam série de problemas que coloca em risco a vida de ciclistas. Para agravar a situação, em meio à crescente frota de automóveis na região, prefeituras ainda patinam na elaboração e execução de projetos destinados para ampliação da malha viária destinada para bicicletas.

Com apenas 30,8 km de ciclovias espalhadas por quatro cidades da região (Santo André, São Bernardo, São Caetano e Mauá) – índice este que há dois anos está estacionado –, prefeituras sequer conseguem dimensionar a quantidade de usuários que utilizam os circuitos, com exceção de Mauá, que contabiliza diariamente cerca de 3.000 ciclistas.

Embora as administrações afirmem que empenham esforços para reverter este quadro, na prática o discurso permanece no papel. Exemplo deste cenário é o projeto para mais 13 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas citado pela Prefeitura de Santo André desde a gestão passada.

Sem dados específicos dos locais exatos onde seriam os circuitos, o projeto sequer possuí prazo para sair da teoria.

Na análise do chefe do departamento de medicina de tráfego da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), Dirceu Rodrigues Alves Júnior, o cenário evidencia o descaso com que as prefeituras tratam o assunto. “Falta boa vontade do poder público. São projetos que dispõem de complexidade na elaboração do conteúdo, mas que na prática são viáveis a curto prazo”.

Se os municípios sozinhos já encontram dificuldades para efetivar projetos de ciclovias, no âmbito regional o problema também persiste. Apresentada há quatro anos como possível solução para a ausência de integração de modais no sistema viário da região, a proposta do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC para implantação de 52,2 quilômetros de ciclofaixas de lazer nos sete municípios foi abandonada pela entidade após a primeira tentativa de concretizar o projeto não vingar.

Sem perspectivas de mudanças da situação atual, ciclistas da região têm sido obrigados a conviver com planos de pouco impacto. Para este ano, somente São Bernardo espera avançar a malha viária para ciclistas com a inauguração de ciclovia com 3,5 km de extensão entre a Praça Giovani Breda e a Estação de Conexão Alvarenga, projeto este da gestão passada.

 

Ciclovias apresentam série de problemas

 Longe de privilegiar o transporte alternativo em bicicletas, comum em outros países, o Grande ABC impõe diariamente série de desafios aos usuários que se arriscam em ciclovias espalhadas pela região.

 Orçada em R$ 1,3 milhão, em média R$ 190 mil por quilômetro, a ciclovia que liga a região da Vila Luzita ao Centro de Santo André é um exemplo. Além de buracos espalhados por toda a extensão e pintura já apagada, o circuito obriga ciclistas a realizarem uma inversão sem qualquer tipo de sinalização no trecho da Avenida Santos Dumont, altura do número 1.000 (confira foto acima). “Pela manhã, isso é um caos. Como o congestionamento neste horário é grande, os motoristas param em cima da faixa mesmo quando estamos prestes a atravessar. É uma ciclovia sem pé nem cabeça”, relata o ajudante geral Antunes Neto da Silva, 42 anos. Além disso, é recorrente veículos pararem em cima da ciclovia ou motociclistas usarem o local.

 Em Mauá, município que conta com um dos maiores bicicletários do Estado, ciclistas também encontram dificuldades. Na Avenida Papa João XXIII, além da pintura apagada e grande presença de pedras no trajeto, usuários são obrigados a desviar de veículos estacionados no espaço destinado para bicicletas. “Os caminhões que realizam entregas nas empresas param na ciclofaixa sem pensar duas vezes. O jeito é ir à rua. Do que adianta ter espaço só nosso se, no fundo, ele não é respeitado”, afirma o porteiro João Batista dos Santos, 37.  




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