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Montanhão terá prioridade na saúde
Adriana Ferraz
Do Diário do Grande ABC
22/04/2008 | 07:05
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Para quem mora no Montanhão, zona periférica de São Bernardo, saúde é artigo de luxo. Basta subir as ladeiras íngremes do bairro, a pé ou de carro, para entender as dificuldades da população, que chega a 112 mil pessoas. O acesso a por vielas e escadarias é praticamente impossível, o que torna um chamado de ambulância, por exemplo, uma espera angustiante.

 A realidade, constatada no perfil epidemiológico encomendado pela secretaria de Saúde, pode mudar, segundo a Prefeitura. A área foi escolhida como prioritária para o desenvolvimento de políticas públicas. De acordo com relatório conclusivo do mapa, o Montanhão é o grande desafio da Pasta por contemplar praticamente todos os indicadores de morbidade e mortalidade da população.

 Uma rotina difícil que a maioria dos moradores conhece bem. “Aqui tem muita sujeira. Falta saneamento básico para o povo e caminhão de lixo que consiga chegar até o topo do morro. A gente vive no meio do esgoto. Não dá para ter saúde deste jeito”, diz o comerciante Eleomar de Holanda Torres, há 17 anos no bairro.

 A falta de acesso a água de qualidade e rede coletora de esgoto é reconhecidamente um fator complicador, segundo o assistente de direção da secretaria de Saúde, Alessandro Neves. “Depois deste estudo, vamos ter de trabalhar para saber as necessidades da área. A unidade básica que é referência a esta população fica no Silvina. Temos de saber se é longe, se há acesso etc.”

 As respostas não são difíceis, segundo o zelador Edson Cândido do Nascimento, morador da parte alta do bairro. “Nem ônibus chega perto daqui. Quando alguém fica doente precisa caminhar muito para pegar um transporte. Quando é só passar em consulta, tudo bem, mas quando precisa de raio-x, tem que ir até o Pronto-Socorro Central, que fica longe, no Centro”, diz.

 A distância dos centros de saúde do município resulta em números preocupantes. O bairro concentra 13,7% das mortes infantis (com menos de um ano) registradas na cidade. É o primeiro desta lista e o quarto quando são somadas mortes na população acima dos 30 anos. “Quem mora aqui precisa mesmo de atenção. Boa parte dos problemas já melhorou, mas ainda falta”, completa Torres.



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