Cultura & Lazer Titulo Cinema
Expectativa para manter uma essência

Versão para o cinema da canção Faroeste Caboclo chega às salas brasileiras na quinta

Luis Felipe Soares
Diário do Grande ABC
26/05/2013 | 07:00
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A canção Faroeste Caboclo, talvez a obra mais famosa de Renato Russo, mais parece um conto literário do que uma música. Não à toa, sua transposição para o universo audiovisual sempre foi motivo de debate. Quase 30 anos desde seu lançamento oficial pela Legião Urbana, a dramática saga de João de Santo Cristo está prestes a chegar aos cinemas.

A aguardada estreia do projeto homônimo ocorre na quinta-feira sob tutela do diretor René Sampaio, estreante à frente de um longa-metragem. "Buscamos uma receita para encontrar uma história de amor sem deixar de lado o espírito da música. Não queríamos um clipe de 100 minutos, o que seria muito chato", explica o cineasta, ressaltando que o objetivo foi que a essência da canção fosse mantida, mas apresentada de maneira diferente. "Achei que deveríamos amplificar os significados da história. As adaptações foram necessárias para que essa nova experiência com o filme ocorra assim como quando entramos em contato com a música. Esse foi o nosso norte."

Na já conhecida trama, o protagonista (vivido por Fabrício Boliveira) busca encontrar seu espaço no mundo na cidade de Brasília, onde se apaixona por Maria Lúcia (Ísis Valverde). O seu caminho irá cruzar o do inesperado primo Pablo (César Troncoso) e do traficante Jeremias (Felipe Abib).

"Quando eu construí o personagem, brincava muito com o mito de Édipo, de que é dito para ele a impossibilidade de vida, de que seu destino parece já estar traçado. O filme debate o que você traz de política pessoal para tentar fugir dessa encruzilhada da vida. O João tenta fugir disso tudo entrando na discussão do que é escolha e o que é destino. Pensei em trabalhar sem manequeísmo, com um João bonzinho ou vilão", diz Boliveira.

Outro destaque do elenco, Ísis tenta fazer bonito em sua estreia no cinema. "Temos um anti-herói e uma mocinha que fuma maconha. Nos meus trabalhos sempre tento fugir do arquétipo e deixar um ponto em aberto para as pessoas pensarem: que ser humano é esse?." Em conversa com a mãe do ex-vocalista da Legião Urbana, ela descobriu que Maria Lúcia simboliza diversas garotas com quem Renato teve contato. "Comecei a juntar essas meninas que vieram na cabeça dele (Renato) na hora de escrever a música. É uma mocinha com vertentes", afirma a atriz.

Segundo a equipe, os aspectos sociais se sobressaem no desenrolar do filme. "A história fala da formação dos brasileiros, já que ele (João) representa o mito da construção de Brasília e das grandes capitais, dos nordestinos que saíram do êxodo rural. Foi ótimo poder dialogar com uma música do Renato Russo e um artista como ele, que ainda consegue trazer discussões para o hoje", analisa Boliveira. "Se você pensar na trajetória do personagem, não teria muito sentido que ele tivesse esse discurso político. O João fala com o presidente e para toda essa gente na tela. São coisas que não precisam ser ditas literalmente", completa Sampaio.

Algumas pré-estreias de Faroeste Caboclo ocorrem na quarta-feira em salas da região e de São Paulo (veja mais na página 4).




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