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Alckmin foi deputado do ‘Centrão’
Roney Domingos
Do Diário do Grande ABC
22/01/2006 | 08:46
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O governador e pré-candidato a presidente da República Geraldo Alckmin (PSDB) foi entre 1987 e 1991 próximo do Centrão – grupo de parlamentares posicionado entre a esquerda moderada e os conservadores que elaborou a Constituição de 1988. Em dois mandatos, encerrados em janeiro de 1995, quando assumiu o cargo de vice-governador ao lado de Mário Covas, legislou sobre previdência e assistência social, economia e reforma do Estado, embora seja lembrado mais como autor do código de defesa do consumidor e relator da lei orgânica da saúde e da legislação sobre doação e transplante de de órgãos.

Eleito pelo PMDB, Alckmin integrou a dissidência. Filiou-se e foi líder e vice-líder do PSDB. Posicionou-se como social-democrata e de centro-esquerda no balanço Quem é quem na revisão constitucional, elaborado pelo Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar). Obteve média final 7 no levantamento que mede compromissos com direitos trabalhistas, graças apenas ao voto a favor da jornada de 40 horas e da estabilidade no emprego.

Alckmin já defendia a independência do Banco Central, mas também o fortalecimento dos bancos oficiais. E novo sistema de aposentadoria, com limite de idade, embora não tivesse posição a respeito da previdência do funcionalismo. “Apoiou o direito de voto aos 16 anos, votou a favor da reforma agrária e contra o tabelamento dos juros. Disse sim à proteção da empresa nacional e não à nacionalização das reservas minerais”, diz o relatório do Diap.

“Nós trabalhamos muito junto com a bancada paulista para aumentar a nossa representação na bancada federal. Pleiteávamos 80 e conseguimos 70”, diz o constituinte Antônio Tito Costa, ex-prefeito de São Bernardo. “Ele fazia parte do Centrão, como eu fazia. Houve uma esquerdização muito grande na Constituinte. O Mário Covas era o líder da bancada paulista e líder do MDB. Ele colocou nas principais comissões os homens de esquerda. Havia uma euforia de esquerda tão grande que um dia na Comissão de Constituição e Justiça, presidida pelo Nelson Jobim (atual presidente do STF), o (José) Genoino teve um ataque histérico e falou: vamos estatizar tudo.” Tito deixa claro que o centrão fazia jus ao nome. “O pessoal falava que existia direita no Centrão. Não posso ter nunca certeza. Tenho impressão de que (Alckmin) era do Centrão, como eu era, e como era o Roberto Cardoso Alves.”

José Cicote que foi colega de Alckmin na gestão seguinte (1991 a 1995) guarda a mesma impressão. “Ele era um pouquinho acima do Centrão. Se aproximava, mas era um centro mais avançado. Não era um Centrão direitoso”, avalia. Cicote lembra algo que soa irônico agora que Alckmin e Serra estão em campos opostos na disputa pela indicação do PSDB como como candidato ao Palácio do Planalto. “ Alckmin era muito próximo de José Serra no Congresso. Ele gostava muito do Serra. Tinha mais afinidade com esse pessoal. Era um cara um pouquinho distante. Cumpria a ordem partidária. Não era cara de uma rodinha aqui e outra ali”, afirma.



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