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Pelo direito de fotografar
Por Francisco Sérgio Cavalcante Barros Leal
15/04/2011 | 07:05
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São Paulo tornou-se, nos últimos tempos, rota de grandes espetáculos musicais. Por aqui já vieram recentemente Madonna, Elton John, Paul McCartney e, dias atrás, U2. Festa, show, prazer. Para isso existem essas promoções, mas, infelizmente, ainda não estamos preparados para recepcionar tais grandiosidades. Por uma regra tola, imposta não se sabe por quem, convencionou-se a proibição de imagens. Tudo bem, se o evento fosse em espaço fechado, privado, que poderia, talvez pelo espocar dos flashes, tirar a concentração do artista. Só que esses shows musicais são em estádios de futebol, a céu aberto. Então, proibir por quê? Pela privacidade do uso da imagem. Tudo bem. Então, a regra deveria valer para todos, não é mesmo?

Infelizmente, isso não ocorre. Colocam meia dúzia de policiais para fazer a revista do público e esses se dão o direito de impedir este ou aquele equipamento, mesmo sem terem preparo ou conhecimento técnico para isso. Liberam a passagem de todas as câmeras digitais, mesmo modelos compactos com superzoom, e barram equipamento amador só por achar que é profissional. Fotógrafo sabe que uma Nikon D80, de 8mp, é máquina de amador, mas para os policiais postados no portão 17 do Morumbi máquina grande não pode. Preservação de uso de imagem. É mesmo? Horas depois do show, o YouTube já tinha todo o espetáculo na rede.

Irredutíveis e desviados de suas funções. Assim se portaram esses policiais militares que, meia hora depois, por causa da chuva torrencial, abandonaram seus postos. Eu, tolo, que encarei todo o pé-d'água para deixar minha máquina no carro, retornei ao portão 17. Ninguém. Não havia ninguém para me revistar. Poderia ter entrado com o equipamento, assim como também com metralhadora. Calma, gente, não sou psicopata e não tenho interesse em repetir o massacre em Columbine.

A revolta é pela intransigência desses policiais que, pela postura adotada, pareceu-me estar em seu período de bico, ou Atividade Delegada, como oficializou o governador Geraldo Alckmin. O pior é verificar que mesmo nessa função desviada eles não têm critério de seleção. Não tardará dia em que, porque a produção do artista assim o quer, também a imprensa será cerceada de exercer seu trabalho. Fotografar não é crime. Crime é barrar o próximo, impedindo-o de exercer seus direitos de cidadão.

 

Francisco Sérgio Cavalcante Barros Leal é médico neurocirurgião e fotógrafo amador por hobby




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