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Pessoas sao crucificadas na Sexta-Feira Santa das Filipinas
Do Diário do Grande ABC
21/04/2000 | 13:20
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Dez homens e uma mulher foram voluntariamente crucificados nesta sexta-feira, nas Filipinas, uma tradiçao que se repete a cada ano, apesar de condenada pela Igreja Católica. Várias centenas de pessoas, curiosos e turistas estrangeiros, assistiram às crucificaçoes, uma prova de fé em Cristo para os filipinos.

Homens vestidos de centurioes romanos, cruzes de madeira, martelos e pregos de 10 cm de comprimento esperavam os candidatos a sofrer a mesma pena aplicada a Jesus, há 2000 anos.

Um dos crucificados, Chito Sangalang, motorista de ônibus, nao pôde impedir que uma careta de dor deformasse seu rosto, quando os pregos atravessaram as suas maos e pés. Sua cruz foi levantada depois, por alguns momentos, para que seu martírio fosse visto por todo o público, antes que o penitente fosse liberado.

Um após outro, os dez homens foram pregados nas cruzes, antes que a única mulher, Amparo Santos, fosse crucificada.

"É assombroso ver pessoas que se sacrificam por seus pecados", comentou Rey New, turista dos EUA, 40 anos.

Sangalang já conta agora com 14 crucificaçoes. Depois de medicado, ele disse à imprensa que cumpre este rito de dor para agradecer a Deus pela cura de uma tuberculose de sua mae. "Prometi que o faria por 15 anos, e já estou no 14º", disse. Seu irmao, Arnel, já conta com sete crucificaçoes

O rito começa com a prisao de Sangalang pelos legionários romanos, que o apresentam a Pôncio Pilatos, no caso um filipino que aceitou desempenhar o ingrato papel de governador romano que permitiu a crucificaçao de Cristo. A mesma teatralizaçao se repete para cada um dos crucificados.

Depois, o penitente percorre a pé um quilômetro, até chegar ao pequeno monte, em que é brevemente crucificado. Para dar maior veracidade ao sacrifício, os guardas fingem trespassá-lo com lanças. Depois, os pregos sao retirados. Uma única concessao: os pregos sao desinfetados com álcool, antes de ferir as maos e pés dos crucificados.

Paralelamente às crucificaçoes, dezenas de penitentes percorreram, descalços, enquanto se flagelavam, as ruas do povoado de San Pedro Cutud.

A Igreja Católica condena estas manifestaçoes de fé, que classifica de crueldade obscurantista, mas os penitentes ignoram, pois consideram que com esse sacrifício podem obter a benevolência divina. "A fé é importante, mas nao já que cair em extremos", declarou a respeito o cardeal Jaime Sin, primado da Igreja Católica filipina.

O catolicismo foi trazido às Filipinas pela colonizaçao espanhola, a partir de 1521. O país continua o único país de populaçao majoritariamente católica na Asia, com 50 milhoes de fiéis.




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