Economia Titulo Balanço
Grande ABC volta a demitir em março

Após contratações em janeiro e fevereiro, saldo fica negativo em 217 postos no último mês

Por Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
25/04/2019 | 07:00
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Marina Brandão/Arquivo DGABC


Após aumento nas contratações registrado nos dois primeiros meses do ano, os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), disponibilizados ontem pelo Ministério da Economia, mostraram que em março foram demitidas 217 pessoas no Grande ABC. A queda foi puxada principalmente pelo setor do comércio.

O saldo – diferença entre demissões e contratações – representa uma média de sete dispensas por dia no mês anterior. Somente o comércio fechou 633 vagas, a indústria 584 e, a construção civil, 53. O setor de serviços foi o único dentre os principais a contratar, foram 1.118 novos registros, o que diminuiu os impactos no resultado do período.

De acordo com o economista e coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero, os serviços reagem mais rápido aos pequenos estímulos, mas os números, principalmente os do comércio, refletem a lenta recuperação da economia. “Tivemos momentos de criação de emprego, mas é um índice que está oscilando. O mês de fevereiro veio mais aquecido (foram criados 2.722 postos de trabalho), então algumas contratações se anteciparam. Mas vemos que a recuperação da economia é muito lenta e vamos terminar 2019 com um saldo ruim de emprego, acompanhando a pequena previsão de crescimento”, disse, completando que a indústria ainda está muito debilitada. Entre outros fatores, pela crise na Argentina.<EM>

Segundo o especialista, mesmo com o primeiro passo para a aprovação da reforma da Previdência, que passou pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) na terça-feira, não há expectativa de impactos na geração de empregos.

“A reforma já passou desidratada pela comissão de justiça (foram retirados quatro pontos). Ela só deveria tratar do mérito, se é constitucional ou não, a comissão especial é onde fazem os ajustes. O mercado tratou de maneira pessimista, tanto que os resultados da bolsa e do dólar não foram bons. O mercado está precificando que a reforma que vai sair não é a que foi moldada pelo governo e a que o País necessita e o emprego sofre. Ele é o primeiro indicador a ser destruído quando a economia vai mal e o último a ser retomado quando ela se recupera”, disse.

POR MUNICÍPIO
Dentre as cidades, o maior número de demissões aconteceu em Diadema, que cortou 308 postos de trabalho. Logo em seguida, aparece Santo André, com 290; Rio Grande da Serra, com 26; e São Bernardo, com 23. Em contrapartida, Ribeirão Pires teve 252 contratações, São Caetano, 175, e Mauá, três. No trimestre (leia mais na arte acima), a região ainda está no positivo, com 3.031 contratações.

Em 28 anos, vagas em serviços crescem 165%

No período de 28 anos, o Grande ABC viu crescer o número de empregos formais nos setores de serviços e comércio. Enquanto isso, o número de postos da indústria foi reduzido a praticamente metade. As informações são de estudo feito pelo Conjuscs (Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura) da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), divulgados ontem.

Enquanto as vagas no setor de serviços aumentaram em 165% (120.613 em 1989 para 319.657 em 2017) e nos comércios 127,7% (de 62.913 para 143.281) no período, a indústria amargou queda de 49,86% (leia mais acima). “Isso caracteriza desindustrialização. A indústria aumentou neste período a produtividade, então cada trabalhador produz mais do que produzia”, explicou o coordenador da pesquisa, Jefferson José da Conceição. “Uma parte de transferência das vagas das indústrias para serviços foi porque as grandes empresas terceirizaram muita coisa. Além disso, grande parte dos trabalhadores virou PJ (Pessoa Jurídica)”, disse.

O levantamento tem como base os dados da Rais (Relação Anual de Informações Sociais), do então MTE (Ministério do Trabalho e Emprego). O especialista ponderou que, considerando os níveis de crescimento do setor na década de 2000, “não é descabido o retorno do emprego industrial no (Grande) ABC”, mas que “a Indústria 4.0 não vai representar mais empregos. Ele representa reflexões sobre o futuro da atividade industrial, mas haverá de permanecer uma queda”. 




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