Política Titulo Santo André
Gaeco arquiva parte de denúncia contra Arlindo, mas vai apurar Mensalinho

MP não vê irregularidade em negócio envolvendo área, mas seguirá investigando suspeita de propina

Por Júnior Carvalho
do dgabc.com.br
25/01/2019 | 07:00
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O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) ABC, do Ministério Público, arquivou parte da investigação que envolve Arlindo José de Lima (PT), ex-secretário de Governo em Santo André, e que tratava de possíveis irregularidades em transação envolvendo terreno público. No mesmo despacho, o MP decidiu continuar investigando se existiu pagamento de Mensalinho a vereadores durante a gestão do ex-prefeito Carlos Grana (PT, 2013-2016).

Solicitado pelo Gaeco ABC, o arquivamento parcial foi chancelado na quarta-feira pelo juiz Jarbas Luiz dos Santos, da 3ª Vara Criminal de Santo André. Embora mesma denúncia inclua dois fatos distintos (suposta irregularidade envolvendo terreno público e pagamento de Mensalinho), a decisão do magistrado não afeta o seguimento do segundo fato. “O juiz determinou o arquivamento de parte da denúncia, concordando com o pedido do MP”, explicou o advogado especialista em direito público Alberto Luis Rollo.

A parte da denúncia arquivada, a qual o Diário teve acesso, narrava a existência de supostas ilegalidades na negociação de terreno público, situado na Rua Gertrudes de Lima, no Centro de Santo André, entre a Casa Esperança e o governo andreense, em 2015. Naquele ano, a administração doou a área (além de outros espaços públicos) como forma de pagamento de dívida à instituição por utilizar outro terreno pertencente à entidade onde funciona o CHM (Centro Hospitalar Municipal). De acordo com as acusações, essa transação seria ilegal porque, na prática, o beneficiado seria Arlindo, uma vez que a Casa Esperança alugava o local a uma empresa de estacionamento que tinha relação com o petista e, posteriormente, para uma firma em nome do ex-secretário, a Caboclo Ball. A denúncia também cita que a construção desta empresa ocorreu sem alvará.

Após investigar o fato, realizar diligências in loco e promover oitivas, o Gaeco entendeu que não existem na denúncia “elementos mínimos de autoria ou materialidade de quaisquer crimes de sejam” sobre a transação com a Casa da Esperança.

Entretanto, os promotores Bruno Servello Ribeiro e Cintia Marangoni, do Gaeco ABC, relataram que o denunciante anexou planilha de suposto pagamento de propina por parte de Arlindo. O delator comentou ao MP que foi arquiteto de obra particular do ex-secretário e que não havia recebido honorários pelo serviço. Em uma das levas de documento que o petista encaminhou a ele estava o nome de políticos e empresas, além de supostos valores. Ribeiro e Cintia solicitaram à Justiça que essa acusação não seja arquivada, pois precisa ser examinada. Tiveram o aval.

A relação entre Arlindo e o terreno pertencente à Casa da Esperança é alvo de outro inquérito policial, que tramita no MP de Santo André e na Dise (Divisão de Investigações Sobre Entorpecentes), como mostrou o Diário no domingo. A suspeita é a de que o ex-secretário usava um ‘laranja’ para ocultar a propriedade da empresa DB Estacionamentos, que ficava instalada no terreno da Rua Gertrudes de Lima antes da Cabloco Ball. A DB explora o estacionamento da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André), hoje dirigida por Reinaldo Messias, aliado do deputado federal Alex Manente (PPS). Oficialmente, a empresa está no nome de Carlos Eduardo Catalane. Os dois negam irregularidades.

OUTRO LADO
Procurados, o ex-prefeito Carlos Grana e seu ex-secretário de Governo não quiseram se manifestar sobre o assunto. “Eu ainda não vi o que foi decidido. Prefiro conversar com meu advogado antes de me pronunciar”, discorreu Arlindo. 




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