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Estudo revela que 63% dos professores têm problemas de voz
Marco Borba
Do Diário do Grande ABC
04/11/2006 | 19:52
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Um dos principais instrumentos de trabalho daqueles que lidam com a arte de ensinar está em xeque. Pesquisa do Sindicato dos Professores de São Paulo em parceria com o CEV (Centro de Estudos da Voz) aponta que 63% dos professores da rede particular da Capital já tiveram problemas de voz. É o primeiro estudo epidemiológico que aborda o tema no país. Os sintomas mais apontados pelos docentes no levantamento foram garganta seca (51,7%) e rouquidão e pigarro (35,1%).

Foram entrevistados 250 professores do ensino particular (do infantil ao superior) e 250 profissionais de outras áreas. Enquanto no primeiro grupo mais de 60% disseram já ter tido problema vocal, o percentual cai para 38,5% no segundo grupo. “Como os professores trabalham com a voz o tempo todo, estão mais propensos a ter problemas”, aponta a fonoaudióloga Fabiana Zambon, uma das coordenadoras do estudo.

A carga horária intensa, turmas numerosas, classes sem revestimento acústico e falta de conhecimentos sobre o uso correto da voz, aponta Fabiana, são os principais responsáveis pela situação.

Segundo Fabiana, algumas escolas particulares oferecem orientação a seus professores sobre como lidar com a voz.

O estudo foi ampliado para todo o país, dessa vez com a inclusão dos professores da rede pública. Os resultados devem ser conhecidos no início de 2007. “Acho que o resultado ficará próximo do que já constatamos em São Paulo”, disse Fabiana.

A fonoaudióloga e professora da PUC-SP, Maria Laura Wey Martz, tem opinião semelhante. “Talvez a situação seja até mais grave na rede pública, pois o professor tem de trabalhar mais horas. O ponto crucial é o excesso de trabalho.”

Não há dados que apontem a quantidade de professores (rede pública e privada) afastados por problemas de voz.

Quando se constata o problema nas cordas vocais, o professor passa a exercer funções administrativas.

É o caso da professora Angela Maria Palermo dos Santos, da EE Professora Julieta Viana, em São Bernardo, que teve de abandonar a sala de aula após 20 anos de atividade porque contraiu calos nas cordas vocais. Mudou de função e há dois anos organiza a biblioteca da escola.

A Secretaria de Educação do Estado elabora o projeto denominado A voz do Professor. A primeira ação será uma videoconferência, no próximo dia 17, na Capital, com dicas de caráter preventivo e educacional para que o professor “entenda” a voz como instrumento de trabalho.

O projeto prevê a capacitação de profissionais da educação por meio de palestras com especialistas. O passo seguinte será repassar tais ensinamentos aos professores nas escolas.



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