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Evo Morales ameaça multinacionais
Da AFP
28/10/2006 | 08:54
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Apenas a francesa Total e a americana Vintage, entre 20 multinacionais do petróleo, adequaram seus contratos de operação na Bolívia à lei de nacionalização dos hidrocarbonetos, o que levou o presidente Evo Morales a dizer nesta sexta-feira que "fará respeitar a lei" boliviana.

O ministério dos Hidrocarbonetos tinha anunciado que vinte multinacionais que operam na Bolívia - entre elas a Petrobras - assinariam acordos na noite de hoje para se adequar à nacionalização, promulgada por Morales em maio passado.

Diante da falta de acordo, Morales foi duro após a cerimônia de assinatura dos novos contratos com Total e Vintage e ameaçou: "Às outras empresas que estão em negociação quero dizer que mesmo sendo um país pequeno, um país subdesenvolvido, as companhias aqui têm que respeitar nossas regras, nossas leis, e vamos exigir isto". "Qualquer empresa merece respeito, mas também deve respeitar nosso povo, nossa Nação e as normas bolivianas", disse Morales.

O presidente destacou que as multinacionais "ainda têm algumas horas, alguns dias, para cumprir com as normas" da nacionalização, dando a entender que o prazo final para a adequação terminará no dia 31 de outubro, e não neste sábado, como se afirmou a princípio.

O decreto de nacionalização citava um prazo de 180 dias, a partir de 1º de maio passado. "Queremos que as empresas sejam sócias e não donas dos nossos recursos naturais", disse.

Morales, que atacou a política de privatizações dos governos precedentes, afirmou que a nacionalização "será garantida pelos movimentos sociais e pelos uniformizados da pátria", em referência às Forças Armadas.

Os novos convênios com Total e Vintage foram firmados em uma cerimônia no Palácio das Comunicações de La Paz, e a companhia francesa continuará com suas operações no campo de Itaú, "onde asseguramos o desenvolvimento da produção de US$ 728 milhões, participação do Estado de 82% e participação da YPFB ao longo da duração do contrato", disse o ministro dos Hidrocarbonetos, Carlos Villegas.

A companhia francesa também se comprometeu a realizar operações de exploração em dois campos, investindo US$ 1,154 bilhão. "O país terá uma participação de 82% em sua renda petroleira e a YPFB, ao longo do contrato, receberá um valor global de 2,4 bilhões de dólares", esclareceu Villegas. A Vintage "continuará operando nos campos de gás em Naranjillo, Porvenir e Chaco sur", informou Villegas.

Segundo o titular da YPFB, Juan Carlos Ortíz, este é "um momento importante para o governo" porque os hidrocarbonetos "são e sempre serão dos bolivianos". Com estes primeiros contratos firmados, "a Bolívia retoma o controle do processo de comercialização" do gás, destacou Ortíz. A partir de hoje, a YPFB controla e define volumes e preços do gás, disse o presidente da estatal boliviana.

A Petrobras é a principal investidora na Bolívia e responsável pela exportação para o Brasil 26 milhões de metros cúbicos de gás por dia, volume que representa metade da demanda interna do país.




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