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Colecionador de crepúsculos
Por Sara Saar
Especial para o Diário
25/04/2009 | 07:00
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Depois de passar sete anos na gaveta, o texto O Colecionador de Crepúsculos, do diretor Vladimir Capella, ganha vida no espetáculo homônimo, que estreia hoje, às 16h, no Teatro do Sesi - São Paulo. Baseada na vida e obra do antropólogo e folclorista Luis da Câmara Cascudo (1898-1986), a peça infanto-juvenil pretende mostrar, de maneira lúdica, a riqueza da cultura popular do País.

Por meio de um mosaico de lendas, é possível observar tradições, crenças, mitos e costumes do povo brasileiro. Entre os contos encenados, está O Compadre da Morte, que é o fio condutor do espetáculo por contar a história de um homem caipira que tenta enganar a Morte e salvar a vida de Cascudo.

Segundo o diretor, a escolha dos contos foi subjetiva. "Não existe um critério. É algo que você gosta ou chama a sua atenção. Aí aparece a alma do artista."

A figura de Cascudo entra em cena sempre datilografando ou observando o pôr do sol - hábito do folclorista que gerou o nome do espetáculo. Ele surge em máscara e com voz gravada por Rolando Boldrin (apresentador do Sr. Brasil, na TV Cultura).

Com 24 atores, a montagem traz músicas compostas especialmente pelo maestro Dyonisio Moreno, além de cantigas de folclore. "Todos cantam durante a peça com o acompanhamento de violino, violão, arcordeão e flauta", afirma Capella.

O texto ressalta a riqueza linguística da fala por meio dos personagens, que assumem variados sotaques, como o gaúcho e o nordestino, contrastando com a linguagem culta da Morte, por exemplo.

O cenário, assinado por J.C. Serroni, é formado pela caixa-preta do teatro com elementos que variam de acordo com a lenda contada.

Capella, assim como Cascudo, trabalha somente com temas essencialmente brasileiros. O diretor acredita que os jovens estão se distanciando da cultura de raiz, mas ressalva que há sempre artistas trabalhando nesse resgate.

Ele revela que "namora" a obra do folclorista desde o início da carreira, com a montagem Panos e Lendas. Por esse motivo, surgiu a ideia de fazer um tributo a Cascudo, autor de mais de 150 livros sobre as raízes do País, além de famoso historiador, antropólogo, jornalista e advogado.

"Dizem que, se o Brasil fosse destruído de um dia para o outro, seria possível entender toda a alma brasileira por meio desse material", afirma.

Depois da temporada em São Paulo, a peça pode excursionar pelo País. Segundo Capella, ainda é preciso estudar a viabilidade, pois o espetáculo possui estrutura complexa.

Questionado sobre o espaço destinado à cultura no Grande ABC nas atuais administrações, Capella observa que sempre espera uma abertura maior, mas não é o que tem acontecido.

Natural de São Caetano,Vladimir Capella foi convidado pela quinta vez para dirigir um espetáculo no Sesi. Em 30 anos de carreira, recebeu diversos prêmios como o Molière, o APCA (Associação Paulista de Críticos de Artes) e o Mambembe.

O Colecionador de Crepúsculos - Teatro. Estreia hoje, às 16h. Sábados e domingos, às 16h. Até 5 de julho. Teatro do Sesi - São Paulo - Avenida Paulista, 1.313, São Paulo. Tel.: 3146-7396. Classificação indicativa: maiores de 10 anos. Entrada franca.

(Supervisão Melina Dias)




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