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Nesta quinta-feira, advogados e técnico ficarão frente a frente
25/05/2006 | 00:06
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Os dois advogados acusados de terem comprado cópia da gravação de uma sessão secreta da CPI do Tráfico de Armas vão ficar frente a frente, nesta quinta-feira, com Arthur Vinícius Pilastre Silva, ex-funcionário de uma empresa que presta serviço de sonorização à Câmara dos Deputados. Arthur Silva confessou ter vendido – por R$ 200 – aos advogados Maria Cristina Rachado e Sérgio Weslei da Cunha dois CDs contendo o depoimento do diretor do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), Godofredo Bittencourt Filho, e do delegado Ruy Ferraz Fontes.

A sessão aconteceu no dia 10 e o vazamento da informação foi fundamental, na avaliação do Deic, para deflagrar a onda de ataques do crime organizado em São Paulo, dois dias depois. Os dois advogados trabalhariam para o líder Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, que teve acesso aos depoimentos.

Os advogados, em depoimento terça-feira à comissão, acusaram Silva de estar mentindo. Eles negam ter oferecido dinheiro e feito o pagamento pela cópia, como sustenta Silva. Os advogados passaram também por uma acareação entre eles, marcada por contradições e desentendimentos. Para a CPI, na acareação de quinta-feira ficará claro quem pagou os R$ 200 ao ex-funcionário.

De acordo com Silva, Maria Cristina lhe entregou o dinheiro, quatro cédulas de R$ 50, e acertou uma troca de e-mails, em que seria definido um outro pagamento. A mensagem eletrônica deveria ser em código para não comprometer os advogados, segundo versão do ex-funcionário. Silva contou no seu depoimento que foi abordado pelos dois advogados, que lhe ofereceram dinheiro em troca de cópia da fita.

No depoimento à CPI, Cunha negou as afirmações do ex-funcionário e disse que entendeu que a cópia era autorizada, já que o técnico de operação de som foi copiar a gravação. “Não ofereci dinheiro, não corrompi ninguém”, afirmou o advogado.

A advogada sustentou que foi enganada por Cunha e induzida a erro ao pegar cópia da gravação. “Eu disse que aquilo era roubada. O senhor (Cunha) me convenceu de que (a cópia) tinha sido autorizada”, afirmou Maria Cristina. “É mentira. Pelo amor de Deus, a senhora não é ingênua. A senhora foi de livre e espontânea vontade”, respondeu Cunha, durante acareação.

A CPI ainda não obteve resposta ao pedido de prisão preventiva dos dois advogados, encaminhado à Justiça Federal na semana passada. O pedido de prisão, por corrupção ativa e formação de quadrilha, está na 10ªVara da Justiça Federal em Brasília.

O ex-funcionário está sob proteção da Polícia Federal. Silva também deverá responder a processo por corrupção passiva e violação de sigilo profissional no Departamento de Polícia Legislativa da Câmara.

Depoimento – A CPI do Tráfico de Armas deve tomar o depoimento do líder de facção criminosa Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, na segunda semana de junho, no dia 6 ou 7 no Fórum da Barra Funda, na capital paulista. O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), vetou a presença do preso no prédio do Congresso.




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