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Mortalidade infantil cresce em duas cidades do Grande ABC

S.Bernardo e S.Caetano registraram piora do cenário entre 2015 e 2016, diz Fundação Seade

Por Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
10/09/2017 | 07:00
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Cesar Brustolin / Fotos Públicas


 Na contramão da maior parte das cidades da região, São Bernardo e São Caetano registraram alta na taxa de mortalidade infantil na comparação entre 2015 e 2016, de acordo com informações divulgadas pelo Seade (Fundação Sistema Estadual de Dados).

Em São Bernardo, a taxa de morte de crianças de até 1 ano por 1.000 nascidas vivas passou de 8,4 óbitos para dez no ano passado. A Prefeitura pontuou que a maioria dos óbitos infantis registrados foi com bebês acima de 28 dias e que já estavam em casa. “Esses pacientes desenvolveram infecções próprias da infância ou tiveram problemas com a aspiração do leite, que levaram à morte”, disse, em nota. Com o objetivo de reduzir o número de casos, a Secretaria de Saúde informou que está aprimorando os conceitos do Programa de Saúde da Infância e desenvolvendo ações de conscientização aos pais, nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde).

São Caetano registra o pior cenário. O índice de 10,3 óbitos foi elevado para 11,9, o maior desde 2006. A atual secretária municipal de Saúde, Regina Maura Zetone, descreveu o dado como “lamentável” e atribuiu o fato ao “desmanche, na administração passada, dos programas que existiam”. “Quando se fala em índice de até 6, estamos falando daqueles casos imedicáveis, por má-formações congenitas severas. Acima disso, tratam-se de óbitos evitáveis. O pré-natal benfeito, o suporte intra-hospitalar e o atendimento de alta complexidade também ajudam”, ressaltou, listando algumas ações que a Pasta vem fazendo. “Encontramos UBSs defasadas em número de obstetras para fazer pré-natal e colocamos cinco ginecologistas; reintroduzimos o Mãe Canguru, que é para crianças prematuras, e estamos construindo, na pediatria do Hospital Márcia Braido, mais 18 leitos. Além disso, há o estímulo à amamentação, que voltou com força total e o curso de gestante uma vez ao ano.”

Nos demais municípios, Santo André registrou melhora ao alcançar índice de 8,1 óbitos por 1.000 nascidos vivos no ano passado contra taxa de 10,6 observada antes. A cidade possui núcleo de investigação de mortalidade materna e infantil e comitê de mortalidade materna e infantil, onde são analisadas as causas de óbitos infantis e propostas ações.

Em Mauá, que aparece com índice 9,5 em 2016, a Prefeitura salientou que a redução – antes era 11,5 – é consequência das ações implementadas desde 2014, quando foi dada prioridade máxima à questão.

Em Diadema, a taxa ainda é alta: 13,3. Ribeirão Pires registra 9,7 e, Rio Grande da Serra, a menor delas: 3,3.

Especialistas pedem reforço da atenção

Especialistas ressaltam que o reforço na atenção às mulheres no período da gravidez, e também quando elas se tornam mães, contribui para a diminuição da mortalidade infantil. “Devemos influenciar essas taxas com captação precoce da gestante para começar o pré-natal bem no início, de forma que a gente consiga diminuir os riscos dessa criança ter algum problema, seja por parto prematuro, complicações de pressão alta, diabetes, ou qualquer outra intercorrência que a gravidez possa trazer”, fala o professor titular da disciplina de Obstetrícia da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) Mauro Sancovski.

“O ideal seria que essas mulheres programassem a gravidez. Que fizessem consultas pré-concepcionais, que o sistema de Saúde pudesse propiciar essas consultas para que elas corrigissem os problemas antes de engravidar e já entrassem na gestação com uma saúde mais compensada, de forma que diminuíssem os riscos”, completou.

Professora do curso de Enfermagem da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Katia Fernanda Forti Porcaro destaca alguns cuidados que podem evitar doenças, principalmente respiratórias, devido à fragilidade da saúde infantil. “Proteger o bebê de parentes doentes, promover ambiente limpo. Tudo isso ajuda muito na prevenção.”




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