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Rio-2016 trouxe visibilidade e mais nada

Um ano depois de ganhar medalhas, atletas
perdem patrocínio e veem estrutura estagnada

Anderson Fattori
Do Diário do Grande ABC
14/08/2017 | 07:00
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Roberto Castro/ Brasil2016/ Divulgação


Ser reconhecido nas ruas é a maior mudança apontada pelos atletas do Grande ABC que brilharam na Olimpíada do Rio de Janeiro, há um ano, quando subiram ao pódio. O que eles queriam mesmo era valorização das modalidades e melhores condições de treinamento, mas os ginastas Diego Hypólito e Arthur Zanetti e o atirador Felipe Wu tiveram de se contentar apenas com a vida de celebridade.

O são-caetanense Arthur Zanetti chegou ao Rio de Janeiro no centro dos holofotes após o ouro em Londres-2012. Era favorito e estava cercado de expectativa. Ficou com a prata e ganhou instantaneamente centenas de fãs. O ginasta, aliás, revelou que o carinho que recebeu durante entrevista no Parque Olímpico, quando apareceu em uma sacada, é a imagem que jamais sairá da memória.

Já em relação a condições de treinamento, Zanetti certamente carrega a frustração de não ter usufruído do Centro de Excelência de Ginástica Artística de São Caetano, anunciado com estardalhaço pelo ex-prefeito Paulo Pinheiro (PMDB) em setembro de 2015, mas que não saiu do papel. Localizado na Avenida Presidente Kennedy, o local teve as obras iniciadas recentemente, mas dificilmente ficará pronto antes do próximo ciclo olímpico, que termina em 2020, com os Jogos de Tóquio, o último do ginasta.

Se é reconhecido nas ruas, a conta bancária está mais vazia. Como era esperado, Arthur Zanetti perdeu alguns patrocinadores individuais, que tinham acordo até a Rio-2016.

Situação parecida ocorreu com Diego Hypólito, medalha de prata na Rio-2016, que é andreense, mas compete por São Bernardo. Ele perdeu os patrocinadores, mas ganhou visibilidade, inclusive, recentemente participou do reality show Super Chef Celebridades, do programa Mais Você, da TV Globo.

“Fiquei impressionado com o carinho nas ruas, a todo momento o pessoal aborda como se fosse parte da família. Isso me deixa contente”, revelou. “Mas perdi grande parte dos patrocinadores. Mantive o clube que foi o principal.”

O menos conhecido dos medalhistas é o atirador Felipe Wu, que treina em São Bernardo e estuda engenharia aeroespacial na Universidade Federal do ABC. Segundo ele, a medalha de prata trouxe poucas mudanças. “Basicamente está tudo igual. Sigo conciliando a vida de atleta com a faculdade, mas agora mais dedicado aos estudos para recuperar o tempo perdido. Em 2016, precisei trancar o curso na metade para me dedicar aos treinamentos para a Olimpíada”, explicou Wu.

O atirador comemora o fato de a modalidade ter ficado conhecida, mas lamenta a visibilidade não aproveitada. “Infelizmente a estrutura tanto de clubes como de Federações e Confederação não estava pronta para receber a demanda, então a modalidade acabou perdendo grande oportunidade de ganhar mais adeptos. A burocracia para se praticar o tiro esportivo (no Brasil) ainda é muito grande e os clubes também não têm muitos recursos para investir no material, que também é muito caro devido a importação e à alta carga tributária.”

Bronze no Rio, o taekwondista Maicon Andrade, que compete por São Caetano, não atendeu à equipe do Diário.  




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