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Morre o ditador argentino Leopoldo Galtieri
Por Da AFP
12/01/2003 | 13:32
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O ex-ditador argentino Leopoldo Fortunato Galtieri morreu neste domingo, aos 76 anos, em conseqüência de um câncer no pâncreas. Ele ficou conhecido como o general que levou a Argentina a uma guerra contra a Grã-Bretanha, pela posse das Ilhas Malvinas, e pelos crimes de violação aos Direitos Humanos.

Nascido em 15 de julho de 1926, formou-se em 1949, com apenas 23 anos, na americana Escola das Américas, verdadeiro berço de ditadores latino-americanos.

Junto com Jorge Videla, Emilio Massera, Roberto Viola ou Reynaldo Bignone, entre muitos outros militares, Galtieri é um símbolo dos anos mais obscuros da história contemporânea argentina: a ditadura que se iniciou a 24 de março de 1976 e terminou a 10 de dezembro de 1983.

Foram anos de chumbo, de 30 mil desaparecidos - segundo organizações de direitos humanos -, de cárcere e exílio, durante os quais Leopoldo Galtieri foi primeiro chefe do II Segundo Corpo do Exército baseado em Rosario (310 km ao norte), e depois, de 22 dezembro de 1981 a 17 de junho de 1982, o terceiro presidente do chamado Processo de Reorganização Nacional.

Quando a crise econômica se aguçava e o descontentamento crescia - e três dias depois que uma imensa manifestação sindical desafiou como nunca o poder das armas na histórica Praça de Maio - Galtieri se lançou a ocupar a 2 de abril de 1982 as Malvinas. Historicamente, os argentinos reivindicam a soberania sobre o arquipélago, o que foi utilizado pelos militares para desviar a atenção do crescente descontentamento.

Na época, Galtieri supôs que sua amizade com os Estados Unidos de Ronald Reagan e os serviços prestados ao ter treinado os "contra" nicaragüenses contra o sandinismo seriam devidamente compensados em sua aventura bélica contra a Grã-Bretanha da primeira-ministra Margaret Thatcher, a Dama de Ferro.

O que o general não levou em conta é que o compromisso de Washington com a Grã-Bretanha estava acima de um arquipélago isolado do mundo e tinha eixo na Guerra Fria com a então União Soviética através da Otan.

O resto é história conhecida e tristemente lembrada pelos argentinos que enterraram 652 de seus filhos, mortos numa guerra que lhes diziam estar vencendo e que a 14 de junho entenderam que tinham perdido, ao se assinar a rendição.

A reivindicação popular de recuperar as Malvinas sofreu um novo recuo e o repúdio se voltou contra Galtieri que, rapidamente, a 17 de junho, foi destituído pela Junta Militar.

Galtieri foi julgado em 1985 por crimes contra os direitos humanos, mas só foi preso em 1986 em outro julgamento pela acusação de "incompetência" como chefe militar na guerra das Malvinas.

Em 1990, um indulto do então presidente Carlos Menem (1989-99) o tirou da prisão, mas no exterior sucederam-se as denúncias por graves violações aos direitos humanos quando foi chefe militar em Rosario (312 km ao norte), as quais o impediam de sair de seu país sob risco de ser detido.

Em 11 de julho de 2002, o ex-ditador foi preso, implicado em um processo por sequestro e desaparecimento em 1980 de 20 militantes da dissolvida organização armada Montoneros (peronistas de esquerda), mas os poucos dias passou em prisão domiciliar por ter mais de 70 anos.




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