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Seqüestro e morte de comerciante resultam em 303 anos de pena
Por Luciana Sereno
Do Diário do Grande ABC
29/04/2005 | 11:41
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Sete dos 10 integrantes da quadrilha que seqüestrou, torturou e matou o comerciante Jackson Kowati em julho de 2002, em São Bernardo, foram condenados em média a 43 anos de prisão, somando 303 anos para o grupo. A sentença foi anunciada quarta-feira pela juíza Ana Lúcia Siqueira de Figueiredo, da 5ª Vara Criminal da cidade. Três garotas envolvidas no crime eram menores à època e estão em liberdade.

O caso ganhou repercussão nacional quando os criminosos enviaram à família uma das falanges do dedo mínimo da mão direita da vítima e uma carta escrita num jornal do dia para mostrar que o rapaz estava vivo.

Jackson, 25 anos, foi seqüestrado no dia 2 de julho de 2002, quando saía do Supermercado Pônei, de propriedade de seu pai, no Jardim das Orquídeas, em São Bernardo. O rapaz já havia encerrado o expediente no local, mas voltou ao estabelecimento porque o alarme havia disparado. E não voltou para casa. A família soube do seqüestro quando ligou para o celular de Jackson a fim de saber o motivo da demora. Um integrante da quadrilha atendeu ao telefone.

Enquanto esteve no cativeiro (no Riacho Grande, em São Bernardo), Jackson ficou dentro de um buraco que tinha 1,3 metro de altura, 1,5 metro de largura e pouco menos de 2 metros de comprimento. Foi mantido acorrentado e respirava por meio de um cano de PVC. Durante os 26 dias de seqüestro, o rapaz só ficou com a boca e o nariz destampados. O resto da cabeça foi enrolado por fita adesiva verde que a quadrilha conseguiu de um vizinho dizendo que seria usada para lacrar uma caixa.

Na carta escrita no jornal e enviada com o pedaço do dedo, Jackson implorava para o pai pagar o resgate. O pedido inicial era de R$ 500 mil. Após negociar, a família pagou R$ 103 mil. Jackson foi morto. A quadrilha se dispersou, ficando cada um com R$ 5 mil para esperar a poeira baixar.

O corpo do rapaz foi encontrado na tarde do dia 28 de julho de 2002, à beira da represa Billings pelo filho de um caseiro da Chácara Ilha do Pescador, no bairro da Balsa, um dia após a família ter pago o resgate. Exames periciais constataram que o jovem foi torturado antes de ser assassinado.

Luciano Caio Marcelus Vallone, o Rato, foi o primeiro integrante da quadrilha preso pelo crime. Ele foi localizado na favela do Heliópolis, em São Paulo, e informou para a polícia o paradeiro dos comparsas. Em 9 de agosto, o casal Afonso Saraiva de Souza e Rosilene Ferreira Gomes, além da sobrinha deles, a adolescente M.S., na época com 16 anos, foram detidos em uma pequena pousada no povoado de São João do Paraíso, no município de Mascote, interior da Bahia (a 482 km de Salvador).

Norberto da Silva Nogueira, o Fininho, um dos idealizadores do crime, só foi localizado pela polícia em março de 2003, em Itapetinga, a 550 km de Salvador. Foi convencido por um pastor evangélico a se entregar.

O último integrante da gangue, Synésio José da Silva Filho, o Gordo, foi capturado na casa da mãe na favela do Areião, no Guarujá, dois meses depois. Ele fazia bicos de pedreiro e pouco saía de casa.

Quarta-feira, a quadrilha foi condenada por seqüestro, homicídio e extorsão. Segundo o advogado de acusação Ferdinando Cosmo Credídio, a defesa ainda pode recorrer com pedido de redução da pena.

O delegado de São Bernardo, Paul Henry Verduraz, que trabalhou nas investigações do crime, explica que os condenados só devem cumprir o máximo de 30 anos, já que a Constituição veta prisão perpétua. “Pena superior a 30 anos equivale à prisão perpétua. Em função da proibição, eles não podem permanecer presos por mais tempo.” Outras circunstâncias, como bom comportamento, também podem aliviar a pena.



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