A operadora de produção Maria Fátima é caso raro, bem raro, na periferia do Grande ABC. Muito procurados por famílias numerosas, sem condições de pagar aluguel nas regiões centrais, bairros pobres como o Areião, em São Bernardo, quase nunca atraem gente solteira, disposta a começar a vida. Mas atraiu a paraibana Maria, 42 anos, uma filha de 2.

Ainda solteira, ela comprou uma casinha de dois cômodos no bairro. Durante seis anos, viveu sozinha ali, até se casar. Com o matrimônio, a humilde residência deu lugar ao imóvel de três andares – no último, a laje, que serve para estender roupa e para a brincadeira das sobrinhas.

“Assim que cheguei em São Paulo, fui morar na capital, na Vila Arapuã. Era muito violento. Não agüentava ficar ali. Era tiro para todo o lado. Aqui no Areião, não tem disso não. Lógico que não tem só gente santa, mas que lugar tem? O povo acha que aqui é perigoso. É bom que ache. Assim, ninguém se muda para cá. E o bairro continua sendo bom demais”, avalia, mostrando a casa verde-limão em que vive, com campainha, portão de grade e paredes texturizadas.