O Palácio do Planalto está insatisfeito com a condução, pelo Comando da Aeronáutica, da crise no setor aéreo, responsável pelos problemas registrados nos aeroportos brasileiros, nas duas últimas semanas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apesar de estar de folga, em Salvador, deixou claro o seu descontentamento ao convocar o ministro do Trabalho, Luiz Roberto Marinho, para participar das negociações, auxiliando o seu colega da Defesa, Waldir Pires.

A primeira luz amarela no Planalto acendeu após reunião convocada pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, na segunda-feira, quando o Comando da Aeronáutica fez uma explanação, mostrando que o problema era localizado no setor cinco, em Brasília, e que seria facilmente contornado. A ministra “pressentiu” que havia algo errado, quando tomou conhecimento que vôos no Norte do país, como um entre Belém e São Luís, completamente fora do circuito de Brasília, estavam sofrendo com a operação-padrão, conforme anunciou o comandante do vôo aos passageiros.

Apesar da negativa da Aeronáutica de que havia operação-padrão, a situação só se agravava e o Planalto entendia que algo estava sendo omitido.

Na terça-feira, o próprio Lula decidiu convocar a reunião, quando cobrou soluções, mas, ainda assim, houve o apagão aéreo na madrugada desta sexta, com tomada de medidas consideradas, até certo ponto, radicais demais, com a convocação dos militares com ameaça de prisão. Daí a convocação de Luiz Marinho para ajudar na relação com os trabalhadores do setor, o que desagradou profundamente os militares.