Ex-secretário adjunto de Governo de Santo André e pré-candidato a vaga na Câmara pelo PT, Willians Bezerra protagonizou, recentemente, após sua saída do Paço, clima de ciumeira no partido ao definir que postularia cadeira de vereador na eleição deste ano. Filiado desde 2000, o petista admitiu que entrará na disputa pela primeira vez – integra lista preliminar de 49 inscritos – e estranhou boatos surgidos com a decisão, no início de outubro. “Acredito que meu nome possa contribuir para o quociente eleitoral. Isso é importante. Deveriam ficar contentes. Avalio que intimida quem não fez a lição de casa”, disse, referindo-se, à bancada parlamentar.

Parte dos vereadores do PT – maior ala, com cinco representantes – demonstrou, à época, insatisfação com as informações de que Willians, 32 anos, deixou o segundo escalão do Executivo com proposta de pleitar assento no Legislativo. “Ninguém veio reclamar comigo (sobre o ocorrido)”, citou. Negou que bate-boca na Prefeitura tenha motivado sua exoneração. “Não teve briga nenhuma. Vejo como forma de enfraquecer, desconstruir. Saí por conta do desejo de ser candidato.” Com a atuação na Pasta, o então adjunto de Governo fazia a relação do Paço com entidades assistenciais, igrejas e lideranças de bairro, núcleos que podem ser considerados potenciais de voto. Além da articulação, ele teria o apoio do secretário de Obras, Carlos Sanches, o Carlão (PT), histórico interlocutor do petismo municipal.

“Tenho projeto político, com proposta de renovação, principalmente de políticas públicas. Oxigenar é a palavra”, frisou ele, completando que o plano primordial, no entanto, é reeleger o prefeito Carlos Grana (PT). “A candidatura do Grana está em primeiro lugar”, emendou. Um dos pontos de desavenças era que Willians tenderia a ser beneficiado pela proximidade alcançada com as comunidades durante o período em que executou a atividade na administração, além de ser casado com parente do chefe do Executivo local.

Internamente no PT, a estimativa é que a estreia de Willians em eleição possa surpreender pelo volume de votos. Ele está cotado para aparecer entre os cinco mais bem lembrados nas urnas no rol do partido, o que pode implicar em ‘tirar’ um dos espaços dos atuais vereadores petistas. Questionado sobre a situação, o ex-adjunto de Governo preferiu adotar tom de cautela. “A expectativa é de me eleger, sem passar por cima de ninguém”, justificou, ao acrescentar que, há pouco tempo, procurou outros pré-candidatos à Câmara para conversar e amenizar qualquer divergência com o caso.

Willians trabalha hoje no gabinete, em São Paulo, do deputado federal Vicente Cândido (PT), parlamentar ligado ao grupo, na cidade, de Ivete Garcia (PT), ex-vice-prefeita.