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Limite da capacidade instalada pode dificultar crescimento
Por Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
08/03/2003 | 20:53
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Os esforços do governo federal de ampliar as exportações, para reduzir a dependência que o Brasil possui do capital externo, e ao mesmo tempo o empenho em controlar a inflação deverão esbarrar em um sério problema, segundo estudo divulgado pelo Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial). A análise, que tomou como base dados da CNI (Confederação Nacional da Indústria) sobre os diversos segmentos econômicos, aponta que há limitações de capacidade produtiva instalada no setor industrial que têm potenciais efeitos adversos sobre a taxa inflacionária e que também podem dificultar o crescimento econômico e a evolução das vendas externas do país.

O estudo indica que, mesmo em um cenário de baixo crescimento de exportações e de demanda doméstica, a utilização de capacidade instalada estará crítica ao final deste ano, aproximando-se ou superando 95% em setores como indústria de papel e gráfica, siderurgia, metalurgia e indústria de borracha. Outros segmentos estarão próximos de 90% da capacidade, como a área têxtil, refino de petróleo e indústria petroquímica.

Para o instituto, o quadro atual de gargalo industrial ocorre em função de níveis de investimento relativamente baixos nos últimos anos, que, por sua vez, têm origem no fraco desempenho médio de longo prazo da indústria, entre outros fatores. Nos últimos 20 anos, de acordo com a análise, houve um crescimento de 1,7% ao ano e evolução per capita de apenas 0,1%. Somado à performance fraca, a entidade cita ainda a instabilidade do câmbio, da taxa de juros e da própria conjuntura em geral da economia brasileira entre 1995 e 2002.

Uma das conclusões do estudo é que, em vários setores, o crescimento das exportações não é compatível com o atendimento da demanda doméstica. O problema é particularmente grave e generalizado no setor de bens intermediários (como siderurgia, papel e celulose, química e petroquímica) mas pode aparecer também em dois a três anos na área de bens de consumo.

Além disso, para os bens intermediários há um agravante, já que, de acordo com a análise, nessas atividades o período de maturação dos investimentos é elevado, o que significa dizer que entre a decisão de investir e o aumento da capacidade há uma defasagem de alguns anos.

Outra conclusão é que o contexto atual de inflação, alta taxa de juros e instabilidade cambial deste início do ano é desfavorável para o aumento do nível de investimentos.

Programa – No entanto, o Iedi aponta que há a necessidade de que os investimentos sejam realizados pelo menos nos setores mais problemáticos para viabilizar o aumento das exportações, para que o país consolide o ajuste externo e volte a crescer.

Para tanto, a entidade encaminhou ao governo um documento recomendando um programa emergencial de desgargalamento da indústria, que consistirá no apoio de linhas de crédito de longuíssimo prazo, inclusive para capital de giro e no aproveitamento para fins de dedução no IR (Imposto de Renda) de 100% dos créditos fiscais referentes a prejuízos acumulados pelas empresas com projetos aprovados nesse programa.




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