Instaladas há mais de dez anos na Casa de Campo, grande parque de mil hectares perto do centro de Madri, as prostitutas se recusam a ser expulsas, como propoe, alegando razoes de moralidade, o prefeito conservador da capital espanhola, José María Alvarez de Manzano.
O conselheiro municipal de segurança, José Ignacio Echevarria, propôs reinstalar as prostitutas, que 'trabalham' perto do zoo e do Parque de Atraçoes, no outro extremo do parque, em uma zona isolada e sem iluminaçao.
Com esta finalidade, a prefeitura iniciou negociaçoes com uma associaçao de apoio às prostitutas, Hetaire, que rejeita a transferência para um gueto.
``Já têm seus pontos fixos e os clientes as conhecem. Mudar implica perdê-los', afirma Purificación Gutiérrez, da associaçao Hetaire. ``Se nos colocam no mesmo lugar, será criada uma zona marginal e perigosa'.
As prostitutas aproveitam para denúnciar o assédio policial que sofrem há alguns meses. ``Isso de perseguir o sexo diurno é impossível. A multa é um absurdo, porque temos de pagá-la com nosso trabalho, que é justamente o que estao perseguindo', afirmou uma delas.
A Casa do Campo está bem situada, pois dispoe de duas estaçoes de metrô, onde elas podem trocar de roupa, e fica próxima da Avenida Andaluzia, ponde onde passam numerosos ônibus e automóveis.
Já desalojadas do centro da cidade, as prostitutas da Casa de Campo, entre as quais numerosas africanas, latino-americanas e procedentes do Leste europeu, sao as últimas que exercem sua profissao em plena rua, já que a maior parte da prostituiçao na Espanha é feita através de pequenos anúncios na imprensa ou em clubes discrtos e tolerados.
Segundo Hetaire, entre 300 e 400 mulheres seriam afetadas por esta medida da prefeitura. ``Nem sequer sabemos quantas existem, porque tem muita mobilidade, há mais no verao do que no inverno', afirmou Concha García.
E resume bem claro suas pretensoes: ``um lugar que garanta a segurança, a tranquilidade e onde nao haja repressao', diz sem descartar a possibilidade de açoes judiciais se a polêmica continuar.
Mas a prefeitura continua insistindo em sua proposta e, ante a resistência das mulheres implicadas, prometeu inclusive instalar iluminaçao e estudar uma linha de transporte para o novo setor.
E faltando poucas semanas para as eleiçoes municipais, o caso passou para o âmbito político: o governo da Comunidade de Madri, do também conservador Alberto Ruiz Gallardón, reclama sua autoridade sobre o parque, enquanto os socialistas acusam o prefeito de ``proxenetismo' e de ``favorecer o comércio sexual', ignorando que se trata de um ``problema social'.
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