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Família traz Adauto de volta ao Brasil
Dérek Bittencourt
Do Diário do Grande ABC
18/02/2010 | 07:00
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Foram praticamente sete anos de futebol no Leste europeu com conquistas tanto dentro quanto fora de campo. Além dos títulos e prêmios, as quebras de barreiras por ser um jogador negro desbravando os preconceitos na República Tcheca e Eslováquia fizeram de Adauto importante personagem para o esporte na região que até a década de 1990 pertencia à ex-Tchecoslováquia. Agora, aos 30 anos, o atacante decidiu voltar ao Brasil e buscar novo clube e desafio.

Andreense, o jogador foi revelado nas categorias de base do Santo André e destacou-se durante a disputa da Copa São Paulo de Juniores em 2000, quando foi artilheiro do torneio com oito gols. No ano seguinte, já com a camisa do Atlético-PR, foi campeão brasileiro sobre o São Caetano e, em 2002, contratado pelo Slavia Praga, da República Tcheca. Em 2005, passou por Ponte Preta e Santa Cruz, mas ainda naquele ano retornou à Europa, para o eslovaco Msk Zilina, clube que defendeu até o ano passado.

E, apesar de enfrentar temperaturas abaixo de zero - na semana passada, antes de chegar ao Brasil, os termômetros na Eslováquia marcavam 3ºC negativos -, não foi o frio que trouxe Adauto de volta ao País. "O motivo principal não é o frio. Sou casado, tenho uma filha de 3 anos e em processo de adoção e no Brasil. Infelizmente, essa parte demora muito. Ela vai completar 4 e só a vejo duas vezes por ano. Eu ainda tinha um ano de contrato com o Zilina, mas queria jogar aqui, perto da família", disse o atacante.

Quando saiu do Brasil, Adauto podia ser rotulado como atacante. No Exterior, porém, peregrinou entre os setores e agora se considera jogador versátil. "Me sinto preparado para jogar em qualquer posição. Me adaptei como meia-atacante, atuei de segundo volante que chega mais ao ataque e joguei até de ala direito. Pelo que venho observando no futebol brasileiro, hoje os meias-atacantes tanto ajudam na marcação quanto atacam. Antes era um jogador de área, mas hoje estou totalmente fora", explicou.

Independentemente da posição que atuou, no ano passado Adauto ganhou destaque na mídia ao ser um dos principais artilheiros da temporada europeia, com 14 gols pelo Zilina. Mas o fato que mais marcou a passagem do atacante pelo Velho Continente foi fazer campanhas contra o racismo na República Checa entre 2003 e 2006.

"Tive o privilégio de participar, não só por ser negro, como pelo bom campeonato que fiz, por ser um sul-americano capaz de aprender a língua e se adaptar aos costumes deles. O governo me convidou para a campanha que não era só contra o preconceito ao negro, mas aos gordos, magros e homossexuais", comentou. "E em 2006 veio o contrato para virar selo postal, o primeiro jogador de futebol a se tornar selo na República Tcheca."




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