Setecidades Titulo Saúde
Cadeiras de rodas estão em falta no Hospital Mário Covas

Gerida pela Fundação do ABC, principal unidade pública de alta complexidade da região apresenta problemas de atendimento

Por Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
22/01/2015 | 07:00
Compartilhar notícia
Celso Luiz/DGABC


Principal unidade pública de atendimento de alta complexidade na região, o Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André, apresenta problemas de atendimento. Faltam até cadeiras de rodas para os pacientes com mobilidade reduzida, que, sem os acessórios, têm de ser carregados no braço ou transportados em macas. O complexo tem cerca de 400 leitos e é gerido pela FUABC (Fundação do ABC). O superintendente é o médico Desiré Carlos Callegari.

A equipe do Diário esteve na tarde de ontem no setor de recepção para internações. Em meia hora de observação, quatro pessoas foram vistas precisando de auxílio improvisado para o transporte. Funcionários relatam que a quantidade de cadeiras disponíveis foi diminuindo ao longo do tempo em razão de furtos. Segundo acompanhantes, o problema ocorre há cerca de um ano.

A família do técnico em Logística Rodney Ribeiro, 28 anos, foi afetada diretamente pelo desaparecimento dos acessórios. Há um ano e meio, ele leva o sogro para passar por consultas e exames clínicos. O idoso tem 63 anos e tem sequelas provocadas após sofrer AVC (Acidente Vascular Cerebral). Além disso, tem as funções renais prejudicadas e, por conta disso, precisa utilizar sondas. “Quase todas as vezes que a gente vem aqui para trocar a sonda, não tem cadeira de rodas. É uma humilhação para ele ter de ser carregado”, lamenta.

Empurrando a cadeira de rodas particular da mãe, a dona de casa Gabrielle Cristina Ferreira, 28, foi abordada por outros pacientes, interessados em saber onde ela havia conseguido o item. “Tive de explicar que não era do hospital, que trouxemos de casa.”

A dona de casa Silvia Maria Rega, 50, diz ter ouvido de funcionários que o hospital chegou a ter estoque de 140 itens para auxiliar a mobilidade. “O problema é que o povo também é culpado. Muita gente, quando percebe que não há ninguém olhando, coloca a cadeira de rodas no carro e vai embora”, critica.

Questionada pelo Diário, a Secretaria de Estado da Saúde não admitiu o problema, mas também não desmentiu as denúncias. Disse apenas que está em andamento a aquisição de mais 45 equipamentos para a unidade, que devem ser entregues durante o mês que vem. A assessoria da Pasta não informou se irá intensificar a vigilância para coibir novos furtos, nem quantas cadeiras estão disponíveis para o uso atualmente. Também não foi respondido o valor que será gasto com a compra dos novos acessórios.

A FUABC foi procurada para comentar sobre as falhas verificadas, mas não se manifestou até o fechamento desta edição. Além do Mário Covas, a fundação é responsável por hospitais como o Nardini, em Mauá, e por unidades municipais de São Bernardo e São Caetano e Baixada Santista.

Espera na farmácia chega a 4 horas

A espera por atendimento na Farmácia de Alto Custo do Hospital Mário Covas chega a até quatro horas. No espaço, não há lugares suficientes para que os pacientes aguardem sentados. Um dos salões não possui ar-condicionado, e os ventiladores espalhados não dão conta de aliviar o calor no ambiente.

“Hoje (ontem), esperei só duas horas. Foi rápido. No mês passado, tinham 300 pessoas na minha frente”, lamenta a empregada doméstica Mauricéia Pereira Moura, 33 anos, que pega remédios psiquiátricos para o filho.

Além da demora, o aposentado João Batista da Silva, 62, reclama da falta de medicamentos. Na tarde de ontem, ele foi buscar a substância mesalazina, utilizada no tratamento de retocolite. “Disseram que estava em falta e que não havia previsão de chegada. Pediram para que eu deixasse o telefone e me avisariam quando tivesse.” A Secretaria de Estado da Saúde informa que “foi registrado um desabastecimento temporário e pontual” do remédio, fruto de “aumento inesperado de demanda no último mês”. A Pasta diz que a compra já está em andamento e a situação será normalizada em breve.

Sobre a superlotação, a secretaria diz que “o sistema apresentou problemas técnicos nos últimos dias, o que ocasionou maior tempo de espera” e que já está tomando providências para resolver a situação. A área de espera foi ampliada em 2013 e teve o número de assentos dobrado, chegando a 500. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;