Finalizada em agosto do ano passado, a reforma da Praça da Matriz, em São Bernardo, que custou R$ 5 milhões, deixou de fora a restauração da Capela de Nossa Senhora da Boa Viagem, que é tombada pelo Compahc-SBC (Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural de São Bernardo do Campo).

A igrejinha, que fica na parte da frente da praça, na Rua Marechal Deodoro, foi criada em 1814 - a primeira capela construída nas terras do Sítio da Borda do Campo, cedidas por Manoel Rodrigues de Barros. Serviu às funções paroquiais da região até a construção da matriz, em 1825. Hoje, pouco chama a atenção dos que passam por uma das vias de comércio mais importantes do Grande ABC.

Quem olha com mais atenção repara nas pichações da parede externa, principalmente do lado direito da capela. O telhado está tomado por pombos, e as fezes prejudicam a conservação do patrimônio. Na parte de dentro, as paredes têm sinais de infiltração e a tinta está descascando. Ao lado do portão, inclusive, parte da parede ruiu. O altar também está com a pintura danificada. Somente a pequena imagem de Nossa Senhora da Boa Viagem, encerrada em estrutura de vidro, parece resistir.

A capela não é a única prejudicada. Apenas oito meses depois da conclusão das obras, a Praça da Matriz apresenta problemas. A grade para escoamento da água na parte de baixo da área verde, mais próxima da Marechal, cedeu e um buraco se abriu no piso há cerca de um mês. Não há qualquer sinalização para alertar os pedestres. "Uma moça passou por aqui distraída, não viu o buraco e caiu. O namorado teve de ajudá-la a se levantar. Por sorte não se machucou", disse o vendedor ambulante David Santos Silva, 24 anos.

O sorveteiro Joseval da Silva, 60, garante que o problema foi causado por skatistas e pelos carros da Polícia Militar, que faz a vigilância da praça. "O material que usaram é ruim e, com os impactos, cedeu." Mais próxima da Matriz há outra grade para escoamento da água, que já apresenta sinais de quebra.

Para o casal Maria Luiza e Gil Fontanezi, ambos de 75 anos e moradores da cidade há 50, os problemas refletem o descaso da Prefeitura com a área. "Essa reforma não pensou na população como um todo. Tiraram as árvores da praça, os bancos ficaram baixos, horríveis para os idosos se sentarem. Parece que quiseram afastar as pessoas daqui", disse Maria Luiza enquanto comia pipoca com o marido.

Sobre as grades quebradas, a Prefeitura informou que está providenciando a substituição nos próximos dias. Já a respeito da capela, a administração explicou que, por ser tombada, exige tratamento diferenciado, com elaboração de diagnóstico e projeto de restauro. Não há, porém, previsão de quando serão realizados.