ESTADO NOVO
No longo depoimento que gravamos para a antiga Sala São Bernardo em 26 de outubro de 1986, Carvalho Sobrinho lembrou com saudades dos amigos que deixou na região e tornou público um único ressentimento, contra o extinto semanário O Imparcial, que circulava na região e que fechou no período do Estado Novo.

Ao ser entrevistado, José de Carvalho Sobrinho estava mais interessado em falar da sua poesia. E de versos como os seguintes, redigidos em dezembro de 1985: “Em meus olhos renascem dia a dia imagens que ficaram no passado, as alegres nas asas da alegria, e as tristes prisioneiras do pecado...”

A aproximação dos Flaquer e Franco.
‘Eu fechei O Imparcial’.
A greve dos pneumáticos.

191 – Na entrevista, o ex-prefeito disse que lembrava todos os dias de Santo André. Nem teria como esquecer. Ao chegar ao seu cartório, a poucos metros da Praça da Sé, Carvalho Sobrinho deparava com sua mesa de trabalho, que ele ganhou da Rhodia justamente quando estava à frente da Prefeitura andreense.
192 – Uma coisa boa do seu governo em Santo André: a aproximação entre os Flaquer e os Franco. Estas duas famílias antigas de Santo André foram adversárias políticas durante décadas e se revezavam no poder local. A mulher de Carvalho sobrinho, Ana Izabel, era aparentada dos Flaquer e isso possibilitou a política de aproximação.
193 – Sobre a briga com o jornal O Imparcial, uma confissão: “O jornal era de um português – o jornalista João Domingues Tavares –, que não respeitava ninguém. Ele começou a se exceder e eu fui ao Rio e fechei o jornal”.
194 – Uma obra como prefeito de Santo André: a ampliação do serviço de água: “Em 1940 existia no município apenas uma adutora muito pequena, foi preciso ampliar a rede”.
195 – Sobre os movimentos sociais: “No meu tempo de prefeito houve greve nas companhias de pneus de Santo André. Deflagrada de repente, teve uma repercussão muito grande. Santo André já era um grande complexo industrial”.
196 – Memória foi conferir nos escritos do médico e historiador Octaviano Gaiarsa passagens do tempo de Carvalho Sobrinho prefeito de Santo André.
197 – Escreve Gaiarsa no livro clássico A Cidade que Dormiu Três Séculos, de 1968: “O São Bernardo publicou pela primeira vez a foto de Carvalho Sobrinho, com comentários elogiosos à sua figura”.
198 – As críticas vinham de jornais como O Observador, que em 1º de março de 1942 lascava: “Não compreendemos como haja tanta falta de melhoramentos num município que rende 5 milhões. Não há calçamento nas principais vias públicas, as escolas são as mesmas do ano passado (...) Deveria o município apresentar melhor aspecto aos visitantes e melhores condições aos seus habitantes”.
199 – As críticas mais contundentes, porém, partiam mesmo de O Imparcial, que, fechado pelo interventor, ressurgiu em novembro de 1945 (com o fim do Estado Novo), publicando a seguinte manchete quando da exoneração, a pedido, de Carvalho Sobrinho, em 1947: “Enfim, a tempestade passou”.
200 – O certo é que, como diz Gaiarsa, referindo-se a Carvalho Sobrinho, os ressentimentos partiam de pequena parte da população e eram ventilados pela imprensa sem grandes repercussões. 

Diário há meio século

Quarta-feira, 9 de dezembro de 1970 – ano 13, edição 1405

Manchete – A embaixada da Suíça informava não ter uma mensagem autêntica dos autores do sequestro do embaixador Giovanni Bucher, no Rio de Janeiro.

São Paulo – Moradores das vilas Elba e Beatriz, e do Jardim Santa Madalena, todos de São Paulo, na divisa com Santo André, recorrem ao Diário do Grande ABC e reivindicam água encanada, esgoto, iluminação e asfalto.

Diadema – Isaac Filho assumia a presidência da Associação Recreativa e Social dos Servidores Municipais.

Voleibol Feminino – Juventus sagrou-se campeão do I Torneiro disputado em Santo André; Primeiro de Maio ficou em segundo; Rhodia Valisère em terceiro.

Em 9 de dezembro de...

Hoje

Santos do Dia