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Jornalista Marli Gonçalves lança livro que fala sobre o feminismo no cotidiano

'Feminismo no Cotidiano – Bom Para Mulheres. E Para Homens Também' será lançado nesta terça-gfeira

Miriam Gimenes
Do Diário do Grande ABC
20/08/2019 | 07:10
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Gal Oppido/Divulgação


Feminismo não é mimimi. Basta estar na pele de uma mulher para saber a razão pela qual é tão necessária a luta diária pelos direitos iguais e também para se livrar dos padrões patriarcais. A jornalista Marli Gonçalves, que há 50 anos discute o tema em suas crônicas – inclusive fez parte do primeiro jornal feminista do País, o Nós Mulheres –, foi convidada no início do ano pela editora Contexto para dar o seu parecer acerca disso e o resultado será lançado hoje, às 19h, na Livraria da Vila (Alameda Lorena, 1.731), em São Paulo: trata-se do livro Feminismo no Cotidiano – Bom Para Mulheres. E Para Homens Também... (160 páginas, R$ 30). 

De modo simples, porém inteligente e cheio de dados comprobatórios, ela discorre sobre diversas situações que ocorrem com as mulheres – seja em casa, entre amigos, no trabalho ou com desconhecidos – que quem lê certamente já presenciou algum deles. “Comecei a escrever sobre isso com 16 anos. Cinquenta anos se passaram e o processo de mudança é muito lento. Fui escrever um livro depois de todo esse tempo. E a ideia é falar que a gente (feminista) não morde. Porque muitos não conseguem entender que o feminismo é um movimento político que luta pela constante igualdade entre homens e mulheres e se não houver igualdade não haverá democracia, justiça e a humanidade não poderá ser assim chamada”, explica a autora 

Neste meio-tempo, foram criadas leis para garantir a segurança das mulheres, com destaque para Maria da Penha, mas nada que seja 100% seguro. “Vejo leis acontecendo, mas não vejo a ação”, ressalta. Ela, que diz ter sofrido violência doméstica, disse ter visto o algoz dando risada junto com policiais enquanto ela estava sendo atendida em um hospital. “Essa segurança não existe, por isso temos tantas mulheres morrendo todos os dias.”

O livro também fala das questões de saúde feminina, inclusive na idade reprodutiva, da sobrecarga que é colocada nas mulheres, tanto no trabalho quanto em casa, do julgamento o qual são vítimas todos os dias, além da desigualdade no tratamento em relação aos homens. “A depressão atinge na maioria mulheres. Eu não tive filhos, mas cuidei da minha mãe e do meu pai que dá quase na mesma coisa. Mas se seu filho cai na escola e você não está lá para ajudar, se sente culpada. O mesmo acontece quando você não consegue dar ao seu filho o que gostaria, porque está trabalhando e ganha menos. Além disso, vai ter de chegar em casa e cuidar de tudo, é a tal da dupla jornada. Os homens estão ajudando mais, é verdade, mas não melhorou tudo.” 

Marli também fala da representatividade feminina na política, o que, na sua visão, poderia ajudar a criar leis que primassem pelas mulheres, e do uso da palavra empoderamento, tão em voga nos últimos tempos. “Detesto essa palavra empoderamento. Ninguém nos dá poder, nós temos poder. Usar essa expressão nos diminui”, explica. E acha que algum dia essa situação terá solução? “Não sei se vou estar por aqui para ver isso. Quando comecei as mulheres tinham de pedir autorização de marido para várias coisas, ficamos muito tempo sem poder votar. Acho que mesmo lentamente já modificamos muita coisa”, finaliza, acrescentando que é de extrema importância que os homens, mais do que as mulheres, leiam sua obra. 




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