A equipe responsável pelo Avança Brasil, o programa de investimentos do governo federal, aprendeu uma liçao de marketing político com os prefeitos e governadores: dar nomes simples e facilmente lembrados às obras e açoes públicas. Ao elaborar o Avança Brasil do ano 2.000, muitas coisas foram alteradas na forma de apresentaçao, uma delas o nome de muitos programas.

Certamente, disse o secretário de Planejamento e Avaliaçao do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestao, José Paulo Silveira, os prefeitos jamais colocariam na placa de uma obra de habitaçao popular o complicado (e incompreensível) "Programa de melhoria da habitabilidade de populaçoes subnormais". Mas era assim que o programa era identificado no Orçamento Geral da Uniao de onde saem as verbas para as prefeituras.

A ordem para encontrar denominaçoes mais palatáveis para a populaçao foi do próprio presidente Fernando Henrique Cardoso, segundo Silveira. "Um dia o presidente nos reuniu e disse que nossos programas tinham nome de remédio". De fato: Prodem, Prodea, Planfor e Prodetur dizem quase nada sobre a que se destinam. Prodea, o programa de distribuiçao de cestas básicas a populaçoes carentes virou, "Cesta de Alimentos". O Prodetur, de desenvolvimento do turismo, recebeu um nome para cada regiao onde é aplicado: "Turismo no Nordeste", "Turismo no Sul" e "Turismo no Coraçao do Brasil" (Centro-Oeste), tudo sugestao do ministro Rafael Grecca.

Silveira lembra que quando Christovam Buarque governava o Distrito Federal implantou um programa chamado Projeto Saber que ficou conhecidíssimo da populaçao e ajudou a dar votos ao ex-governador petista. No entanto, o Projeto Saber era financiado com verbas do programa federal de formaçao e qualificaçao de trabalhadores. "Ninguém sabia que o Projeto Saber tinha verba do governo federal" constata.